Dom Joaquim e Azambuja devem absorver demanda de filantropia
Com o fim do contrato de filantropia com o Hospital Evangélico, os demais hospitais do município terão de realizar os atendimentos
Desde o fim do ano passado, o Hospital e Maternidade Evangélico de Brusque não realiza mais atendimentos por filantropia, ou seja, atendimentos de pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A unidade hospitalar mantinha um contrato com a Secretaria de Saúde do município para a realização de cirurgias eletivas gratuitamente, e em troca, o hospital recebia desconto nos seus tributos federais. “Para obter esse abatimento nos tributos, 15% dos seus atendimentos precisariam ser voltados à filantropia. Toda a demanda era definida pela Secretaria de Saúde”, explica a titular da pasta, Ana Ludvig.
No hospital, eram realizadas cerca de 500 cirurgias por ano neste modelo. Eram encaminhadas para a unidade hospitalar as especialidades com maiores demandas no sistema público. “Tínhamos por definição encaminhar, especialmente, cirurgias com demanda reprimida e que tínhamos mais dificuldade de ofertar na rede pública, como urologia, oftalmologia, ortopedia. Diversas especialidades, de acordo com a capacidade do hospital, eram ofertadas, e nós procurávamos destinar ao hospital aquelas com maior urgência e que poderiam demorar muito dentro do SUS”.
Com o fim do contrato, a espera por cirurgias eletivas em Brusque deve se tornar ainda maior. “Lá eram realizados um número expressivo de atendimentos, que hoje tem que ser absorvidos totalmente pela rede municipal ou encaminhadas para referências em outros municípios, como Itajaí e Blumenau”, destaca.
Para tentar minimizar o problema, a Secretaria de Saúde está negociando com o Hospital Dom Joaquim e Hospital Azambuja para que eles aumentem o seu número de atendimentos por filantropia, já que ambos também realizam atendimentos neste modelo. “A partir do momento que fomos notificados do encerramento da filantropia no Evangélico, já fizemos contato com os hospitais Azambuja e Dom Joaquim para que eles aumentassem a oferta de cirurgia. Isso já está em tratativa, os hospitais estão se estruturando para isso. A única forma para que isso aconteça é que eles façam a adesão ao mutirão de cirurgias eletivas do governo do estado, assim, teremos mais cirurgias autorizadas pelo governo aqui no município”.
Segundo a secretária, os dois hospitais estão dispostos a aderir ao mutirão. “Esperamos que muito em breve isso aconteça, para que a gente possa dar uma vazão mais rápida nessas cirurgias. Estamos passando por um período de transição, mas mesmo assim temos feito todas as tratativas, os encaminhamentos possíveis, dando preferência aos casos mais graves. Os nossos hospitais têm capacidade técnica e de profissionais para ampliar em bom número, e inclusive, suportar esta demanda oriunda do término do convênio do Hospital Evangélico”.
A enfermeira e gerente administrativo do Hospital Dom Joaquim, Vera Lúcia Civinski, afirma que a unidade hospitalar já foi contatada pela prefeitura, e que neste mês foi renovado o contrato de filantropia da instituição. “Assinamos no mês de março o novo contrato. Como sobrou essa demanda do Hospital Evangélico, alguns casos vamos atender aqui. Mas ainda não sabemos quantos procedimentos por mês deveremos fazer porque o contrato que foi renovado é na base do que já tínhamos anteriormente”, explica.
Hoje, o Hospital Dom Joaquim realiza 90 cirurgias e mais 40 internações mensais por filantropia. “Essa demanda que ainda está por vir ainda não sabemos qual vai ser. Quando a prefeitura solicitar, vamos sentar com eles e resolver. Temos capacidade para absorver, mas não temos UTI, então determinados procedimentos não poderemos atender, mas os casos mais simples temos capacidade, sim. Estamos de portas abertas”, afirma.
A secretária de Saúde ressalta que também já se reuniu com o diretor do Hospital Azambuja, Fabiano Amorim, e com representantes do governo do estado para tratar sobre a questão das cirurgias eletivas na unidade, no entanto, a diretoria do hospital se recusa a repassar informações ao Município Dia a Dia, devido à publicação da reportagem sobre irregularidades na contratação do DPVAT – seguro obrigatório de danos causados por acidentes de trânsito, no dia 19 deste mês.