Dos R$ 70,6 milhões em bens da Fábrica Renaux, apenas R$ 67,6 mil foram arrematados
Segundo o Sintrafite, a venda de apenas dois lotes de materiais frustrou o sindicato e os trabalhadores
O pioneirismo no setor têxtil de Brusque, os 121 anos de história, os mais de 600 trabalhadores e os cerca de R$ 70,6 milhões de bens – itens que transformaram a Fábrica de Tecidos Carlos Renaux em uma potência da indústria catarinense – reduziram-se, na terça-feira, 9, em apenas uma sala de pouco menos de 20 metros quadrados.
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No local, localizado no hotel Monthez, ocorreu o leilão de bens da fábrica em quatro rodadas distintas: às 9h30, de todos os bens em lote único pelo valor total; às 11h30, na mesma modalidade, porém com desconto de 25%; às 13h, em lotes separados pelo valor total; e às 15h30, em lotes separados, mas com desconto de 25%.
Entre as quatro rodadas, somente na última ocorreu a manifestação de dois compradores. Um deles arrematou um lote de retalhos por R$ 38,2 mil e o outro arrematou uma brigada de incêndio por R$ 29,4, totalizando R$ 67,6 mil arrematados do total de R$ 70,6 milhões de bens disponíveis no leilão.
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação, Tecelagem, Malharia, Tinturaria e Assemelhados de Brusque e região (Sintrafite), Anibal Boettger, que acompanhou o leilão, o resultado foi decepcionante.
“Foi mais um leilão frustrado, porque estávamos otimistas com a venda de alguns imóveis pertencentes à massa falida da fábrica e, infelizmente, mesmo com a depreciação de 25% foi levantado pouco. Então para nós é frustrante porque novamente o trabalhador terá que aguardar para receber seu crédito trabalhista”, diz.
Embora decepcionado com o resultado, Boettger ainda tem esperança de que, a partir de agora, um potencial comprador apareça para adquirir os imóveis de forma parcelada. Ele afirma que tanto o sindicato quanto os trabalhadores permanecerão na torcida. Em relação ao uso dos R$ 67,6 mil arrematados, o presidente acredita que o valor não será usado para quitar os créditos com os trabalhadores.
“Eu acredito que o valor de R$ 68 mil vá para manutenção da massa falida, na questão de segurança, até porque recentemente a doutora Clarice Ana [Clarice Ana Lanzarini, juíza da Vara Comercial de Brusque] já fez duas liberações. Então se falarmos de R$ 68 mil a ser distribuídos para mais de 600 funcionários, nesse momento não haverá liberação”, afirma.
Ainda de acordo com o presidente, caso o restante dos bens não seja vendido de forma parcelada nos próximos dias, o sindicato entrará em contato com a juíza para que novos valores sejam repassados aos trabalhadores.
Alguns dos itens que fizeram parte do leilão
- Terrenos em Itajaí, Balneário Camboriú e Blumenau
- Tecidos, resíduos e estopa
- Extintores de incêndio
- Móveis de escritório
- Tratores e empilhadeiras
- Bebedouros