Mais um ano se encerra. 2016 foi difícil para muitos, mas também foi bom para outros. Nem completamente bom, nem totalmente ruim. Foi doce e salgado. Um ano marcado por mortes que sensibilizaram o mundo, mas também por nascimentos que fizeram a alegria das famílias. Um ano em que tivemos escolas ocupadas e crise econômica. Um ano em que se falou muito de política, em que tivemos eleições municipais e vimos a oportunidade perdida.
E então é Natal, e antes que a virada do ano se dê, cabem aqui algumas reflexões.
O que você precisa para viver?
Em tempos de crédito fácil, somos bombardeados de bilhões de informações a todo instante e continuamente estimulados e estimulando ao consumo desenfreado. Compramos o que não precisamos e o que sequer conseguimos consumir. Gastamos demais e economizamos de menos. Se voltarmos um pouco no tempo, facilmente muitos lembrarão que a fartura, mesmo dentre os que tinham mais posses, nem de longe se assemelha aos excessos que conhecemos hoje. Vivia-se bem consumindo menos. O menos era mais.
Proponho que neste ano você faça uma experiência diferente: conserte, reaproveite e customize. Você vai ser mais responsável com o Planeta e exemplo de que é mais importante ‘ser do que ter”.
Tempo, o melhor presente
O que você considera um bom presente? É sabido que o ser humano precisa, primeiro, suprir suas necessidades básicas de vida, como acesso à comida, à roupa, à saúde, à moradia e à segurança. Mas, uma vez garantidas as necessidades vitais e essenciais e sem menosprezar a importância dos bens materiais, o que de fato faz a vida ter sentido? que tipo de presente uma pessoa precisa? A resposta sempre vai ser pessoal e particular, mas, o tempo costuma ser um bom presente.
Proponho que neste ano você faça uma experiência diferente. Gaste menos e doe mais. Doe seu tempo e dê o prazer da sua companhia como presente. É bastante provável que, daqui à alguns anos, tanto quem teve o prazer de compartilhar desse tempo com você, como você – que dedicou o seu tempo a alguém -, ainda se lembrarão deste Natal, pois o tempo pode ser o melhor presente.
A política e nova política
E quanto à política, qual é a sua relação com ela? Espero que a resposta não seja: “eu não quero nem escutar falar, não quero saber de política”. Graciliano Ramos, autor de vários livros, já dizia que “para os cargos e administração municipal se escolhem de preferência os imbecis e os gatunos”. E em 2016 tivemos eleições municipais. Será que aqui também escolhemos esse tipo de políticos?…
Dias atrás assisti à uma palestra proferida por um jovem político que, com seu exemplo de gestão e com palavras motivadoras, procurava estimular outros jovens (ou não tão jovens) a se embrenharem na vida pública, a participar e fazer uma nova política, pois é sabido que só com a mudança das pessoas e profissionalismo é possível mudar a política. Achei louvável a iniciativa do jovem e me dei conta que para mudar algo em política também é preciso ter muita coragem.
Então, proponho que neste ano você faça uma experiência diferente: tenha coragem. Coragem para mudar as coisas e fazer parte de uma nova política. Assim, quem sabe um dia, possamos cantar a canção “Ouro de Tolo” (Raul Seixas,1973):
“(…) E você que ainda acredita que é um doutor, padre ou policial
Que está contribuindo com sua parte
Para o belo quadro social
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada cheia de dentes
Esperando a morte chegar (…)”
É Natal outra vez… que sejamos capazes de consumir menos, presentear com mais tempo e ajudar a fazer uma cidade melhor! E que venha 2017!