E lá se foi mais um Monkee…
Quanto mais o tempo passa, mais essa sensação fica frequente: a de ter arrancada da gente uma fatia das nossas lembranças, da nossa memória emocional. É só morrer um ídolo pop – e como eles andam morrendo, nesses últimos anos… – para a gente sentir algo parecido com um furto da nossa bagagem pessoal. Não é fácil.
Semana passada foi a vez de se despedir de Peter Tork, o membro mais “bobinho” dos The Monkees. Morreu aos 77 anos.
Os Monkees, como quem nasceu a tempo sabe, foram uma espécie de “resposta televisiva americana” ao sucesso dos Beatles. A série, que durou apenas duas temporadas, entre 1966 e 1968, tinha uma óbvia inspiração nos anárquicos filmes da banda inglesa.
Mas The Monkees acabou sendo um fenômeno muito maior do que sua história imediata. Os “atores” contratados para encenar a banda acabaram tomando o poder musical para si e, apesar de ter uma formação estranha (já que o principal vocal era, na realidade, o “inicialmente não baterista” Micky Dolenz e não o frontman David Jones, o galã da trupe, que morreu em 2012), viraram uma banda com um lugar próprio na história do rock.
Peter Tork já era músico antes de ser um monkee. Ele tocava teclados, baixo, banjo e outros instrumentos. Também cantava e compunha. Foi o único membro do grupo a ter autorização da produção para tocar, na primeira temporada da série. Lançou discos solos e esteve em todas as reuniões dos Monkees.
Apesar do personagem ingênuo e tolinho, consta que ele era inteligente e rápido no gatilho, tanto musical quanto na atuação.
A gente se despede dele, do mesmo jeito que se despede de todos os músicos, atores, diretores, autores e demais celebridades culturais: revisitando sempre a sua obra. Vendo trechos da série no YouTube, ouvindo seus hits nos serviços de streaming e agradecendo ter esse acesso tão facilitado. A saudade, assim, fica menor. E a memória não corre o risco de sumir.