Editorial: A casa do cônsul, um presente para Brusque
Nesta semana, o jornal O Município noticiou os planos do empresário Luciano Hang em abrir a Villa Renaux, casarão histórico de Brusque, para visitação pública. Hang adquiriu o imóvel recentemente, após um acordo com o herdeiro de Maria Luiza Renaux, que morou na residência por décadas, e cuidou de sua preservação. A casa é uma […]
Nesta semana, o jornal O Município noticiou os planos do empresário Luciano Hang em abrir a Villa Renaux, casarão histórico de Brusque, para visitação pública. Hang adquiriu o imóvel recentemente, após um acordo com o herdeiro de Maria Luiza Renaux, que morou na residência por décadas, e cuidou de sua preservação.
A casa é uma construção histórica que foi idealizada para ser a residência em Brusque do Cônsul Carlos Renaux, o industrial mais importante da história do município. O imóvel, construído entre 1932 e 1935, tornou-se a moradia permanente do cônsul e de sua esposa, tendo sido projetada pelo arquiteto alemão Eugen Rombach.
O cônsul, como sempre visionário, idealizou uma casa muito avançada para a época, tanto nas características arquitetônicas quanto nas técnicas de construção. Além disso, também tinha equipamentos modernos para aquele tempo. Um exemplo é que esta é considerada a primeira residência do estado a ter um sistema de ar condicionado.
A casa sempre esteve atrelada diretamente à família Renaux e ao seu patrimônio. Com a falência da fábrica, a figura central na manutenção da casa foi a historiadora Maria Luiza Renaux, conhecida como Bia, que morava no local e tomava todas as medidas necessárias para sua perfeita conservação.
Após a morte de Maria Luiza, iniciou-se uma disputa judicial entre o herdeiro de Bia Renaux, o qual ajuizou uma ação de usucapião, reivindicando a posse da residência. Neste meio tempo, a Unifebe também desempenhou importante papel, realizado atividades e projetos acadêmicos na residência.
Essa disputa judicial, mais tarde, envolveu Hang, que adquiriu o patrimônio da massa falida e defendia que a casa fazia parte dele. Neste ano, finalmente, o imbróglio chegou ao fim, com o acordo pela compra da casa por Hang, homologado pela Justiça.
Nesta quinta-feira, o empresário apresentou as primeiras imagens do projeto para a casa. O espaço será restaurado e aberto para visitação pública. O imóvel faz parte de um projeto maior: transformar toda a área de 55 mil metros quadrados no “Parque Renaux”, um espaço dedicado à preservação histórica e cultural da cidade.
Uma das questões que merece ser destacada é o fato desta casa ter resistido ao tempo, e ter chegado a 2025 muito bem preservada, o que é uma dádiva, um presente para Brusque. Muitos dos outros casarões da família Renaux e de outras famílias abastadas da cidade já foram derrubados e não existem mais.
A Villa Renaux é uma relíquia que permanece viva e bem conservada. O fato de Luciano Hang querer disponibilizar a casa para visitação é realmente um presente para a cidade, ao permitir que um tesouro histórico e arquitetônico esteja ao alcance de todos.
Cabe ressaltar que Hang já fez uma reforma muito bem sucedida na Villa Ida, outro casarão histórico, localizado no interior da fábrica Renaux e, portanto, tem expertise no assunto.
A atitude é louvável e merece ser comemorada, pois dá mais um passo para a preservação da história de Brusque. Afinal, um povo que não preserva sua história, acaba se tornando um povo sem ancestralidade, pobre culturalmente e vazio de tradição.