Editorial: A grande retomada do Bruscão e os desafios de 2024
O Brusque poderia ter conquistado seu segundo título nacional no último domingo, 22, mas foi parado pelo Amazonas. O adversário é um clube com enorme investimento (privado e público), ótimos jogadores, um técnico que repôs as coisas nos trilhos e Sassá, artilheiro da Série C com 18 gols. Deslizes raros nesta temporada custaram o troféu, […]
O Brusque poderia ter conquistado seu segundo título nacional no último domingo, 22, mas foi parado pelo Amazonas. O adversário é um clube com enorme investimento (privado e público), ótimos jogadores, um técnico que repôs as coisas nos trilhos e Sassá, artilheiro da Série C com 18 gols. Deslizes raros nesta temporada custaram o troféu, o quadricolor sentiu os gols e sofreu sua única virada em 2023 justo no último jogo do ano, valendo título. É dolorido. Coisas do futebol, mais uma vez registradas nas páginas online e impressas de O Município.
Mas, com as coisas postas em perspectiva, considerando a conjuntura e as condições materiais do Brusque, ser vice-campeão da Série C não compromete em nada o saldo da temporada. Após a grande e rápida ascensão iniciada em 2019, com o título da Série D, o acesso à Série B na temporada 2020 e o título catarinense de 2022, houve o rebaixamento no fim do ano passado, de forma melancólica, seguido de perdas de receita em diversas frentes. Foi um baque gigantesco.
Ainda assim, o Brusque começa 2023 vencendo a Recopa Catarinense; depois chega, de forma invicta, à sua terceira final de campeonato estadual em quatro temporadas. Permanecer na Série C teria consequências graves, mas o time conquista o retorno à Série B, tendo o acesso garantido com rodadas de antecedência. Mesmo com orçamento reduzido, salários atrasados, precisando recorrer a empréstimos.
Em 2024, a perspectiva é de melhoria, obviamente, mas não sem uma série de desafios e dificuldades
Diretoria, jogadores e comissão técnica conseguiram um trabalho de bastidores fantástico para manter o foco. Algumas vitórias no ano foram muito marcantes, com viradas nos acréscimos. O Brusque de 2023 foi um time campeão sem um grande título, e talvez por isso as derrotas nas finais do Catarinense e da Série C tenham sido tão frustrantes, tão “por pouco”.
Em 2024, a perspectiva é de melhoria, obviamente, mas não sem uma série de desafios e dificuldades. O Brusque receberá bons milhões pelos direitos de transmissão da Série B, mas, junto a isto, é necessário que os patrocinadores, atuais e em potencial, abracem o projeto. Afinal, o grande objetivo é se manter na Série B por longos anos, enquanto o clube se estrutura para alcançar, fora de campo, o patamar que já alcançou dentro dele.
Um obstáculo enorme nesta trajetória é a distância de casa. Pelo que se desenha hoje, 2024 será um ano inteiro em que o Brusque não jogará em sua cidade. Há impactos negativos óbvios nesta circunstância, tanto financeira quanto tecnicamente. Mas, na atualidade, são inevitáveis. O Carlos Renaux põe em prática as necessárias reformas no Augusto Bauer, e não há outra opção que não seja sair. A expectativa é de que as obras terminem durante o ano, mas a diretoria do Brusque parece tentar outros caminhos, que não levam ao Gigantinho. Há muito para acontecer.
O retorno à Série B e o fato de jogar longe de sua cidade fazem de 2024 um ano único na história do Brusque. Um ano que será decisivo para o que acontecerá a curto, médio e longo prazo. E se o time jogar como em seus melhores momentos de 2023, o futuro será muito promissor.