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Editorial: “São João Batista empreende uma jornada para restabelecer a verdade”

Na contracapa do jornal de quarta-feira, 11, O Município publicou a matéria “Celebração da herança italiana”, falando dos festejos de São João Batista como berço da imigração italiana no Brasil. A festa vai acontecer neste fim de semana e conta com uma ampla programação, como missa, atrações culturais, shows, baile e almoço tradicional. A ideia […]

Na contracapa do jornal de quarta-feira, 11, O Município publicou a matéria “Celebração da herança italiana”, falando dos festejos de São João Batista como berço da imigração italiana no Brasil. A festa vai acontecer neste fim de semana e conta com uma ampla programação, como missa, atrações culturais, shows, baile e almoço tradicional.

A ideia é chamar a atenção para primazia da cidade como berço da imigração italiana do Brasil tanto para o conhecimento e aculturação local como forma de pressão para o reconhecimento deste título a nível nacional.

É uma incrível história que está sendo resgatada pelo historiador Paulo Kons e que ainda é desconhecida por todos. Parece óbvio que um título de tal magnitude estivesse enraizado na nossa cultura, mas não é o que aconteceu. A história se perdeu num lapso temporal e ficou condenada a um segundo plano.

O assunto voltou à tona com a lei federal 13.617/2018 que atribuiu, equivocadamente, ao município de Santa Teresa, no Espírito Santo, o título de “pioneiro da imigração italiana do Brasil”. A partir daí, sempre com o esforço de Kons, começou uma luta para reverter este erro. 

Primeiro se aprovou em 2017 na Câmara de Vereadores de São João Batista um projeto de lei que dava a primazia ao município catarinense, depois, o deputado estadual Altair Silva, no mesmo sentido, aprovou o projeto de 20.5/2018 na Assembleia Legislativa, dando mais sustentação ao movimento.

Em março deste ano, o movimento “SC Requer Correção de Erro Histórico” criou estratégias para atuar junto à Procuradoria Geral da República (PGR) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar revogar a lei federal que reconhece Santa Teresa como o berço da imigração italiana no Brasil.

Parece óbvio que um título de tal magnitude estivesse enraizado na nossa cultura, mas não é o que aconteceu

A verdade é que 186 imigrantes italianos aportaram em março de 1836, na baía norte da Ilha de Santa Catarina, no porto do Desterro, transportados pelo navio Correio. No mesmo ano, foi fundada por 132 imigrantes católicos do Reino da Sardenha a primeira colônia de italianos no Brasil, localizada no Alto Vale do Rio “Tijucas-grande”, atual município de São João Batista.

Assim, tal qual estes imigrantes italianos empreenderam uma grande jornada em busca de melhores oportunidades de vida, São João Batista empreende uma jornada para ter a oportunidade de restabelecer a verdade. É inacreditável que se faça uma lei federal equivocada e que mesmo diante da verdade dos fatos, persevere no erro.

Além deste imbróglio legal, o fato também chama a atenção por outro motivo. O descaso que temos com nossa história. Nossas crianças vão para aula para saber a história dos Estados Unidos, da Europa, mas desconhecem completamente a rica história que esta terra possui. 

O prefeito de São João Batista, Daniel Netto Cândido, desde que tomou conhecimento do fato tem lutado pela causa, alinhado com Kons e com José Sardo, presidente da Associação dos Descendentes e Amigos do Núcleo Pioneiro da Imigração Italiana no Brasil (Adanpib).

Além das frentes que já descrevemos acima, um dos próximos planos do grupo é a aproximação com autoridades e historiadores Italianos, para que ratifiquem a verdadeira história da imigração no Brasil. Com isso, São João Batista terá a inusitada situação de ser reconhecida como berço da imigração Italiana no Brasil a nível municipal, estadual e internacional, mas não a nível nacional.

A luta por esta causa não deveria ser só deste grupo, deveria ser assumida por toda nossa região, com empenho de universidades e escolas para incluir este tema num material didático obrigatório a todo sistema de ensino. Poderia ser incluído também a história da imigração polonesa no Brasil, que tem Brusque como berço e que também empreende uma luta para manter esta condição.

Só assim, com amplo conhecimento de nossa sociedade, teremos reconhecido, respeitado e incorporada este patrimônio histórico, do qual fazemos parte e que temos a obrigação de preservar, independente da lei vigente.