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Editorial: Adiós Mais Médicos

O programa Mais Médicos é um daqueles projetos com vocação de serem polêmicos desde a sua concepção. Ele foi lançado em julho de 2013 pelo governo Dilma Rousseff com o objetivo de suprir a carência de médicos nos municípios do interior e nas periferias das grandes cidades. A primeira grande polêmica foi a importação de […]

O programa Mais Médicos é um daqueles projetos com vocação de serem polêmicos desde a sua concepção. Ele foi lançado em julho de 2013 pelo governo Dilma Rousseff com o objetivo de suprir a carência de médicos nos municípios do interior e nas periferias das grandes cidades.

A primeira grande polêmica foi a importação de médicos, principalmente cubanos, para o programa, o que gerou protestos por parte da classe médica brasileira. O principal argumento era de que eles não tinham o Revalida, que é um teste sobre conhecimentos de saúde que habilitam um profissional estrangeiro a trabalhar no Brasil.

O segundo foi um forte preconceito em relação à formação dos cubanos, sendo que em muitos noticiários era classificada até como pajelança.

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A outra polêmica aconteceu no início de 2014, quando a médica cubana Ramona Rodriguez abandonou o programa alegando que recebia menos de 10% do valor pago aos médicos individualmente, abrindo uma discussão da negociação escusa acordada entre Brasil e Cuba para o programa. Mesmo assim, o projeto continuou acobertando a real relação contratual binacional.

Na época do lançamento, chegaram a Brusque cinco médicos pelo programa: um cubano, um mexicano e três brasileiros. Em Guabiruba foram duas cubanas e em Botuverá, um cubano. O programa cresceu e hoje, segundo matéria publicada no jornal O Município de terça-feira, 20, só de cubanos o programa tinha quatro médicos atuando em Nova Trento, três em São João Batista, três em Guabiruba, dois em Brusque e um em Botuverá.

Ao contrário do regime perverso que os mantém reféns, os cubanos deixaram por aqui um legado de bons serviços

Muitos foram se ambientando ao sistema de saúde e à nossa cultura, arrefecendo o calor dos protestos com o passar do tempo. Aqui na nossa região tivemos situações elogiosas ao trabalho destes médicos, como ocorreu em outubro e novembro de 2016, com a saída das médicas Liliana Montelier Cesar e Esperanza Castaneda Lopez, que trabalhavam na Estratégia de Saúde da Família de Guabiruba e foram homenageadas pela prefeitura com destaque ao seu trabalho, dedicação e assiduidade.

E quando o programa começa a ganhar aderência surge novamente outra polêmica, com a determinação imediata destes profissionais para voltarem a Cuba e a divulgação do real acordo firmado na época.

As revelações deste acordo foram divulgadas esta semana pela Folha de São Paulo e deixou-nos estarrecidos por saber que o projeto foi proposto por Cuba; por saber que o sigilo era para ocultar a triangulação do negócio pela Organização Pan-americana de Saúde (Opas), driblando o Congresso e a opinião pública. Também confirmou o que a médica Ramona havia denunciado, que apenas 20% do recurso ficava com o médico.

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Com a saída destes profissionais e a necessidade de preencher esta lacuna de serviços, o governo divulgou às pressas um edital para preenchimento das vagas para serem habilitados este mês e começar a trabalhar já no dia 3 de dezembro, mostrando todo o improviso que permeou e permeia políticas públicas importantes como a saúde.

Por aqui, conforme publicamos na quarta-feira, havia sido confirmada a saída de médicos que atuavam em São João Batista, em Nova Trento e em Guabiruba, deixando descoberto o atendimento em suas unidades de saúde, submetendo a nossa região ao mesmo drama que o Brasil sofre.

Assim, se antes não queríamos os cubanos, hoje já começamos a sentir saudades, pois ao contrário do regime perverso que os mantêm reféns, deixaram por aqui um legado de bons serviços, atenção, e dedicação, cumprindo seu juramento de promover a saúde e servindo de exemplo a muitos médicos brasileiros.