Editorial: As Águas de Guabiruba
Ontem o jornal O Município publicou a matéria sobre a audiência pública realizada no dia 7 em Guabiruba, que decidiu o novo formato de fornecimento de água para a cidade. O assunto vem gerando polêmica em decorrência de interesses conflitantes que se posicionam contra ou a favor do processo desde antes do rompimento do serviço […]
Ontem o jornal O Município publicou a matéria sobre a audiência pública realizada no dia 7 em Guabiruba, que decidiu o novo formato de fornecimento de água para a cidade.
O assunto vem gerando polêmica em decorrência de interesses conflitantes que se posicionam contra ou a favor do processo desde antes do rompimento do serviço com a CASAN.
Para ambientar melhor o leitor, é preciso lembrar que o serviço de fornecimento de Água à Guabiruba era feito pela CASAN até março, quando o contrato não foi renovado. A justiça deu uma liminar no início de abril autorizando a prefeitura a assumir o abastecimento de água do Município.
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O motivo desta rescisão é o mesmo de várias cidades catarinenses: descaso e falta de investimentos. Durante mais de quatro décadas a autarquia atuou na cidade sem corresponder as suas necessidades tanto no abastecimento de água como de tratamento de esgoto. Conforme várias matérias publicadas aqui n’O Município, foram muitas promessas não cumpridas para melhorar o serviço.
Para substituir provisoriamente a CASAN, a empresa Atlantis Saneamento assumiu o serviço desde então e vem trocando farpas com a antiga gestora, alegando, entre outras coisas, o sucateamento da estrutura herdada.
Em setembro a CASAN extingui oficialmente a agência de Guabiruba e se mobiliza agora para ela própria não ser privatizada. Para isso, um movimento ocorrido em agosto foi muito parecido com o que está acontecendo agora por aqui. O presidente da autarquia, Adriano Zanotto e do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente de SC (Sintaema) José de Oliveira Mafra se uniram contra a Medida Provisória do Saneamento (MP 844) que propunha a privatização de empresas estaduais. A alegação é de que a MP “põem em risco o saneamento básico do país”. É difícil acreditar em tal justificativa pois é notório que estas empresas estão longe de serem exemplo de eficiência e tem um longo histórico de uso político-partidário.
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O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Brusque (SINSEB), assim como o Sintaema de Florianópolis, também entrou em campo por aqui, para defender interesses parecidos. O SINSEB quer que o sistema continue sob a tutela da prefeitura. Desta forma serviria ao corporativismo em duas frentes: a primeira aumentando o faturamento da prefeitura com os recursos da tarifa de água que consequentemente aumenta o teto para gastos com o funcionalismo. Segundo, cria uma melhor oportunidade de barganhar benefícios tal qual acontece em Brusque.
Esta ideia estatizante não está nos planos da atual gestão municipal, que alega não ter os recursos necessários para fazer frente aos investimentos
Esta ideia estatizante não está nos planos da atual gestão municipal, que alega não ter os recursos necessários para fazer frente aos investimentos. O engenheiro Paulo Vila, da empresa Ampla, estima que serão necessários cerca de R$ 142 milhões para atender as demandas e que só serão possíveis neste formato de concessão dos serviços de água potável e de esgotamento.
Para a concretização do projeto, a prefeitura precisa ainda lançar o edital e depois fazer o processo licitatório, que deve acontecer no início do ano que vem.
Enquanto corre o tempo, também corre muita água em Guabiruba, que é privilegiada em relação a mananciais. Resta saber se os obstáculos burocráticos e corporativos serão capazes de represar este projeto ou vão permitir que um novo modelo faça chegar este bem precioso aos lares guabirubenses.