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Editorial: Aposta ousada

Na terça-feira, 17, o governador Carlos Moises fez aniversário e festejou de uma forma diferente. Ele estava em Brasília, numa audiência pública no Senado Federal para definir o aporte de recursos estaduais em rodovias federais. No encontro estava o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, além da bancada catarinense com os senadores Esperidião Amin, […]

Na terça-feira, 17, o governador Carlos Moises fez aniversário e festejou de uma forma diferente. Ele estava em Brasília, numa audiência pública no Senado Federal para definir o aporte de recursos estaduais em rodovias federais.

No encontro estava o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, além da bancada catarinense com os senadores Esperidião Amin, Dário Berger, deputados federais, secretários de estado e o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Mauro de Nadal.
A proposta do governador foi de um aporte nas BRs 470, 280 e 163. Deu especial atenção a duplicação da 470 sinalizando com R$ 200 milhões nos lotes 1 e 2 e surpreendeu quando tirou da manga a proposta de mais R$ 100 milhões para os lotes 3 e 4, conforme matéria que publicamos nesta semana.

A proposta do governador foi estratégica e consolida uma nova postura no cenário político. Depois de passar por dois impeachments e fazer até agora uma administração muito mais voltada a gerar caixa, o governo faz suas apostas.

Com o dinheiro economizado focou em obras emblemáticas, como a 470, que já foi prometida por presidentes, governadores e continua matando pessoas e estrangulando a logística do estado, travando a economia.

O governador sabe que se depender do governo federal vai passar a sua gestão e estas rodovias não serão concluídas. Por isso, botou a mão no bolso para sacar um total de R$ 450 milhões e quer o convênio assinado com o DNIT ainda este mês. Para se ter uma ideia, este valor é 40% a mais do que todo o investimento federal para o estado em infraestrutura este ano, que gira em torno de R$ 323 milhões.

Com a manobra, o governador mostra a falta de atenção e recursos federais com a infraestrutura de Santa Catarina. Politicamente neutraliza a evolução da candidatura ao governo do estado do senador Jorginho Mello, que tem a benção do presidente Jair Bolsonaro, mas é contra este aporte de recursos. E por fim pode ser o grande herói que venceu esta batalha pela conclusão destas obras federais.

É claro que é uma aposta ousada que pode ou não acontecer. Há quem se oponha à utilização do recurso catarinense em obras federais, mesmo com a promessa de que não vai faltar dinheiro para obras em rodovias estaduais.

O governador sabe que se depender do governo federal vai passar a sua gestão e estas rodovias não serão concluídas

Esta foi uma das preocupações levantadas pelos prefeitos de nossa região na reunião desta quarta-feira, promovida pelo Sindilojas, com apoio de outras entidades, no Centro Empresarial. Eles aproveitaram a presença do secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade, Thiago Augusto Vieira e do deputado coronel Onir Mocellin (PSL) para fazer seus pleitos.

O prefeito Ari Vequi cobrou o trevo na ligação com Itajaí, a duplicação da Ivo Silveira e a terceira faixa na estrada para São João Batista e Nova Trento. O prefeito Valmir Zirke cobrou a construção de 17 quilômetros de estrada para a ligação com Gaspar e Blumenau e Alcir Merizio pleiteia melhorias na rodovia SC-486 com inclusão de terceira pista em alguns pontos e pavimentação em outros.

O tempo, sempre ele, é o fator decisivo desta aposta, que tem como limite as eleições do ano que vem. Até lá vamos ver qual o peso que vai se dar nestas reivindicações regionais e a efetividade dos recursos aportados nas obras federais.

Em outras palavras, vamos ver o quanto o governador vai ganhar no “atacado” com as grandes obras federais e ganho vai perder no “varejo” se deixar de fazer as obras locais.
De qualquer forma, o governador encontrou seus motivos para comemorar. Seja pelo aniversário ou pela estratégia que entabulou tem recebido congratulações. Ele voltou ao jogo e sua aposta é ousada, vale a continuidade ou não na Casa d’Agronômica.