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Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

Editorial: As águas baixam, e o interesse também

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Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

Editorial: As águas baixam, e o interesse também

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As águas do rio Itajaí-Mirim baixaram, e junto a ele o nível de interesse por um dos assuntos que, até pouco tempo, era frequente nas rodas de conversas informais e na política: a construção da barragem de contenção de cheias em Botuverá.

Nestes últimos dias, as barragens do estado estiveram no centro das atenções, com a abertura das comportas em Taió, uma das cidades mais atingidas pelas cheias, e principalmente em José Boiteux, que teve repercussão nacional devido a conflitos com indígenas que moram na área. Dessa forma, também voltou a tona, mais uma vez, a discussão sobre a barragem de Botuverá.

Aqui no jornal O Município já fizemos dezenas de matérias que relatam, quase sempre, problemas. Uma hora se tem o dinheiro para a obra, mas não se tem as licenças. Depois se tem as licenças, mas não há mais dinheiro. Um dia está com uma secretaria, no outro dia é transferida para outra. 

As últimas notícias que temos é de que a Casan efetivamente assumiu a responsabilidade pelas obras, e não há recurso para fazê-la no momento. No entanto, restam muito mais dúvidas do que certezas.

A Casan, por si só, está passando por um momento crítico. Há cidades onde a companhia atua que estão em um processo de municipalização da água, como Florianópolis, o que será um baque nas receitas. A questão da sustentabilidade da Casan, com isso, precisa ser levantada: será que ela vai ter o volume de recursos e estrutura necessários para fazer a obra?

Além disso, nesta semana o prefeito de Botuverá, Alcir Merizio, em entrevista à rádio Diplomata, disse que foi informado de que a barragem já teria todas as licenças. Porém, o próprio admitiu que essas foram as informações recebidas extraoficialmente, e que buscaria mais detalhes sobre o assunto.

Essa certeza, porém, não é unânime. Não foram divulgadas pelo governo, em nenhum momento, as cópias das licenças, quais são elas, quando vencem, ou seja, todos os detalhes técnicos importantes continuam sob a guarda da burocracia. 

Suponhamos, porém, que todas as licenças estejam vigentes, há o problema do recurso. Essa obra não está prevista no orçamento do governo do estado, e a própria Casan reconhece que não há fonte de financiamento definida. 

Ainda que seja sanado o problema do recurso, resta a dúvida de como funcionaria a operação. Quem seria o responsável pela administração, se teria as devidas manutenções, a devida atenção do governo. O que se viu agora, durante as cheias, é que as atuais estão abandonadas, sendo que em uma delas uma comporta até emperrou quando estava sendo aberta.

 

Por mais que seja uma obra de grande interesse, ainda estamos sem força política para fazê-la andar

Em outra, nem sequer o domínio do local o governo tem, e precisa negociar com os indígenas que habitam a área cada intervenção que necessite ser realizada. A Casan, além disso, não é reconhecida por sua grande qualidade de atuação no setor. Em Guabiruba, por exemplo, o governo do então prefeito Matias Kohler rompeu contrato com a companhia pela falta de investimentos na captação e tratamento da água. 

O próprio fato da obra da barragem ter sido tirada da alçada da Secretaria de Estado da Defesa Civil e ter ido para a Casan gera uma especulação de que a intenção principal do governo seja o abastecimento de água, e não a contenção de cheias, que é como a ideia foi vendida inicialmente. Mais uma dúvida que persistirá até o momento da efetiva operação da barragem.

Atualmente, temos toda a possibilidade política de tocar essa obra para a frente. O coordenador regional de Infraestrutura é o ex-prefeito de Botuverá, José Luiz Colombi, o Nene. O secretário é o deputado Jerry Comper, que tem presença assídua na nossa região. 

Porém, pelo cenário apresentado, não é crível que isso saia do papel dentro de um prazo adequado. 

Por mais que seja uma obra de grande interesse, ainda estamos sem força política para fazê-la andar. É necessária uma atuação mais enérgica do coordenador de Infraestrutura e do secretário, que conhecem bem a região, assim como de toda a classe política da região. Diante das circunstâncias atuais, nos parece uma realidade ainda muito distante. 

 

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