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Editorial: As lombadas como obstáculo

Há duas semanas, o jornal O Município publicou reportagem na qual informava a instalação de novas lombadas na rodovia Ivo Silveira, que liga Brusque a Gaspar e Blumenau. Uma delas está localizada no quilômetro 9, em frente ao All Shopping, em Brusque, a outra foi posta no bairro Barracão, já em Gaspar. Ambas permaneceram sem […]

Há duas semanas, o jornal O Município publicou reportagem na qual informava a instalação de novas lombadas na rodovia Ivo Silveira, que liga Brusque a Gaspar e Blumenau. Uma delas está localizada no quilômetro 9, em frente ao All Shopping, em Brusque, a outra foi posta no bairro Barracão, já em Gaspar. Ambas permaneceram sem sinalização por um tempo, causando problemas aos motoristas, em uma rodovia que mal acabou de ser revitalizada. 

Neste meio tempo, também foram instaladas duas novas lombadas na rodovia Antônio Heil, que liga Brusque ao Litoral. Os equipamentos foram colocados nas proximidades do motel Deorum, com uma curta distância entre ambas, o que também foi alvo de justa reclamação dos motoristas.

Ao que parece, as lombadas tem sido vistas pelas autoridades como a solução para qualquer problema que apareça no trânsito. As duas rodovias e também a área urbana da cidade estão repletas de lombadas, instaladas indiscriminadamente. 

Há diversos moradores que querem lombada em frente às suas casas, para reduzir a velocidade do tráfego e promover o seu próprio bem estar, em detrimento da coletividade, que enfrenta um trânsito cada vez mais lento e complexo.

O primeiro questionamento que surge é o padrão. Quase não há uma lombada que se pareça com a outra. Cada uma segue um modelo aleatório de altura, largura e comprimento, feito ao gosto do empreiteiro do momento.

O segundo ponto é a quantidade de lombadas. Na Antônio Heil, recentemente duplicada, há 15 lombadas, somente do trecho do Bandeirante até a Embrast, de apenas 12 quilômetros. No Centro de Brusque, se a prefeitura atender todos os pedidos de colocação de lombadas, inviabilizaria completamente o trânsito.

As lombadas dão uma falsa sensação de segurança, ao fazerem com que os carros freiem o tempo todo, mas traz um risco já que, para compensar o tempo perdido, os motoristas tendem e acelerar mais logo após ultrapassar o obstáculo.

Nesse sentido, é correta a atuação do Ministério Público, o qual, em ação judicial, cobrou do governo do estado a instalação de passarelas elevadas na rodovia, as quais não comprometem o tráfego e de fato dão segurança ao pedestre. Outra alternativa é implantar as faixas de pedestres onde há semáforos, e naturalmente os veículos já precisariam parar. 

Em todo caso, as lombadas estão sendo colocadas inadvertidamente, parando o tráfego e dificultando o trabalho de veículos de emergência, como o Samu e o Corpo de Bombeiros, e também causando problemas aos veículos adaptados, utilizados por pessoas com deficiência.

Estamos em uma era em que a tecnologia é avançada, e não é concebível que um instrumento medieval como a lombada física seja visto como solução para problemas no trânsito. Ela é mais barata, mas não é a melhor. Há equipamentos mais eficientes, como as passarelas, por exemplo, mas é preciso esforço do poder público para avançarmos nesta área.

Colocar uma lombada física é uma tarefa fácil. Difícil é pensar em medidas mais modernas para o trânsito. É preciso aos nossos governantes entrarem no século 21 e buscar soluções tecnológicas e inteligentes para o controle do tráfego, com segurança para os pedestres e fluidez para os veículos.