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Baixo nível

O jornal O Município publicou na edição de sexta-feira passada uma matéria falando sobre o baixo nível do rio Itajaí-Mirim. Do dia 4 até 8 de agosto, o rio atingiu o menor nível do ano, chegando a 76 centímetros, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA). Ontem o nível esteve ainda menor: apenas 73 cm. […]

O jornal O Município publicou na edição de sexta-feira passada uma matéria falando sobre o baixo nível do rio Itajaí-Mirim. Do dia 4 até 8 de agosto, o rio atingiu o menor nível do ano, chegando a 76 centímetros, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA). Ontem o nível esteve ainda menor: apenas 73 cm.

A estiagem prolongada é uma das principais causas deste fenômeno, afinal, estamos com mais de 50 dias sem uma chuva expressiva. O último evento chuvoso ocorreu em 26 de junho quando no município foi registrado 23 mm de precipitação média.

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Mesmo com o rio visivelmente raso não há risco de falta d’água, segundo o presidente do Samae, Dejair Machado. Para entrarmos em estado de atenção a cota do rio deve estar abaixo de 38 cm, de alerta 27 cm e de emergência, 16 cm.

Se a falta d’água neste nível não gera problema ao abastecimento, não se pode dizer o mesmo em relação às agressões ao rio. A cidade tem dezenas de empresas poluidoras que não têm tratamento adequado e aproveitam as chuvas que enchem o leito para limpar seus reservatórios, lançando todo tipo de poluentes nele.

Agora, com a estiagem, estas empresas não conseguem “segurar” tanto tempo seus dejetos, acabam fazendo descartes mesmo com o rio baixo. Todo dia nas mídias sociais aparecem flagrantes de despejos em diferentes pontos da cidade. Na semana passada a Fundema notificou empresas que possivelmente fizeram despejos irregulares no trecho do rio, próximo à ponte do Santos Dumont.

A inciativa é válida, mas está muito aquém da necessidade de Brusque. Em outubro do ano passado o jornal lançou o especial “Rio de Impunidade” em que trata deste crime sem castigo que acontece na cidade. De lá para cá muito pouco foi feito e continuamos a ostentar esta vergonhosa situação de permitir que se polua o rio livremente.

Este é o ambiente ideal para que novas empresas poluidoras queiram se instalar na cidade. Como quase todos os ribeirões já têm empresas instaladas, uma das soluções foi a tentativa de alteração do plano diretor da Cristalina para acomodar este tipo de negócio lá, mesmo estando a poucos metros da futura Estação de Tratamento de Água (ETA) do Samae, que promete garantir o abastecimento da cidade por décadas.

Esta semana o jornal apurou que, distante do embate da aprovação do novo plano diretor da Cristalina, uma empresa pretende construir do outro lado do rio, em Guabiruba, como mostra a matéria da página 10. Na prática os futuros despejos podem ser feitos no mesmo lugar, antes da captação do Samae, como se estava tentando evitar.

O fato ainda vai gerar muita polêmica e vai trazer ao debate a independência das decisões dos municípios versus a responsabilidade ambiental, pois estamos interligados e uma ação como esta no município vizinho pode ser muito prejudicial a todos.

Infelizmente o ser humano não vê fronteiras nem éticas, nem morais, nem regionais, nem ambientais pelo ímpeto do lucro fácil, às custas de todas uma sociedade que se vê impotente, lamentando ter seu rio com uma cor e um cheiro diferentes a cada dia.

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O baixo nível do rio é um fenômeno natural que pouco podemos fazer e que como vimos não é uma preocupação, mas a qualidade da água sim, é motivo de alerta, principalmente se levar em conta o baixo nível de atitude por parte das autoridades e por conta dos poluidores da cidade.

Precisamos imediatamente de uma mudança, com punições severas e rigor na fiscalização. Só assim será possível preservar o Itajaí-Mirim, nosso maior patrimônio, para o nosso bem e das futuras gerações.