Editorial: Bruscão e a liberdade de expressão
Editorial: Bruscão e a liberdade de expressão
- Por Página 3
- 11/12/2020
- 6:00
Foi lamentável a declaração do gerente de Marketing do Brusque, Sandro Ortiz, em live na TV Bruscão, realizada nesta terça feira, 8 em que afirmou que membros da imprensa de Brusque ligados ao Jornal O Município, Rádio Cidade e TV Brusque “trabalham contra o clube, criando polêmica, querendo viver às custas do clube, ganhando dinheiro diretamente do clube, se beneficiando da tragédia do clube”.
São acusações gravíssimas que precisam ser esclarecidas e provadas. Não há como uma pessoa que ocupa cargo tão importante no clube simplesmente macule a reputação dos veículos de Brusque e de profissionais de forma tão leviana.
O Jornal O Município trabalha em prol do esporte de Brusque desde sua primeira edição, há 66 anos. No futebol, acompanhou as conquistas do Carlos Renaux e Paysandú. Noticiou o nascimento do Brusque e até hoje acompanha sua trajetória estando junto nas vitórias e derrotas.
Em todo este período nunca vimos na gestão do clube uma situação como esta, em que o responsável pelo marketing quer calar a imprensa. Para tal fim tem usado um discurso radical contra os “opositores”, incitando os torcedores à sua causa. Um grupo mais suscetível a esta ação funciona como uma espécie de milícia, que atua em defesa desta tese.
Uma das estratégias deste grupo é perseguir e ameaçar membros da imprensa, como aconteceu aqui no jornal O Município, com o jornalista João Vitor Roberge, que tem sido ameaçado pelo presidente da torcida organizada do Brusque, Airton Raiser. Houve, pelo menos, duas ocasiões nas quais João fez comentários que desagradaram o grupo e foi ameaçado, uma por Raiser e outros torcedores diretamente no perfil do Instagram da torcida.
Não são só os resultados de dentro do campo que vão contar. Os valores, desafios e condutas extracampo também são vitrine e podem moldar o Brusque
O mesmo padrão acontece com outros colegas da imprensa, como Rodrigo Santos da TV Brusque e agora Dirlei Silva, da Rádio Cidade. Coincidência ou não, os mesmos que Ortiz nominou em sua live de terça, dando a entender que existe uma simbiose entre o marketing e membros da torcida em prol da censura.
Na quarta-feira, assim que os veículos de comunicação ofendidos postaram suas notas de manifestação ao discurso de Ortiz no site e redes sociais, as patrulhas digitais ligadas a estas milícias iniciaram seus ataques de ódio, repetindo o padrão.
O setor de marketing do Brusque deveria funcionar com ações de promoção do clube; como um elo com a imprensa e com a sociedade. Mas ao contrário, está sendo utilizado como instrumento de confronto, de guerrilha, principalmente com a imprensa.
Diante deste cenário resta saber se a diretoria do clube está alinhada com esta estratégia. Se vai permitir que o gerente de marketing, pago pelo clube, possa usar o nome do Bruscão para acusar, difamar ou vai ter uma atitude à altura do Brusque.
Estamos diante de uma oportunidade única de subir ainda mais e ir para a série B deixando o Bruscão ainda mais em evidência. Mas precisamos lembrar que não são só os resultados de dentro do campo que vão contar. Os valores, desafios e condutas extracampo também são vitrine e podem moldar o Brusque do futuro para o bem ou para o mal. Vai depender muito da conduta que a diretoria vai tomar daqui pra frente.