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Editorial: Centro de Inovação e Conflitos

Na segunda-feira, o jornal O Município trouxe, com exclusividade, a matéria sobre o cancelamento, por parte do governo, do contrato para a construção do Centro de Inovações de Brusque. A decisão ocorreu após uma vistoria que constatou que a construtora não avançava e não teria condições de finalizar a obra. Este noticia é mais um […]

Na segunda-feira, o jornal O Município trouxe, com exclusividade, a matéria sobre o cancelamento, por parte do governo, do contrato para a construção do Centro de Inovações de Brusque. A decisão ocorreu após uma vistoria que constatou que a construtora não avançava e não teria condições de finalizar a obra.

Este noticia é mais um triste capítulo na novela da construção do Centro de Inovação de Brusque que agora precisa começar de novo as tratativas junto ao governo do estado para aprovar, licitar e executar e finalmente concluir a obra.

Este é só mais um entrave deste projeto que começou em agosto de 2013 com a apresentação, do “Plano e negócios do Centro de Inovação e Tecnologia da AmpeBr” pelo presidente da entidade, Luiz Carlos Rosin, para o então secretário de Desenvolvimento Econômico e Sustentável, Paulo Bornhausen.

Na ocasião, Bornhausen sugeriu a realização do projeto por meio do Programa Inova@SC, do governo do estado, que previa a instalação de 11 polos de inovação e tecnologia em Santa Catarina.

Esta configuração de um projeto da entidade junto com o do governo do estado gerou uma confusão e dividiu as opiniões, principalmente em relação à escolha do local. Uma ala defendia que o polo deveria ser construído junto a uma universidade, para facilitar o fluxo de informações e inovações. Neste sentido, a Unifebe ofereceu um espaço para a construção da estrutura. 

Por interesses que contrariam qualquer bom senso, uma obra desta envergadura foi mal concebida, mal construída e permanece inacabada

Mas o Centro tomou outro rumo. A AmpeBr, sob o comando de Rosin, adquiriu um terreno na rua Itajaí e cedeu para a realização do empreendimento. 

Assim, mesmo com problemas técnicos e uma necessidade de aditivo de R$ 1,5 milhão para resolver as irregularidades no terreno, o novo secretário de desenvolvimento econômico, Carlos Chiodini, com a benção do governador Raimundo Colombo e Paulo Bornhausen, aprovou o local em agosto de 2015.

Em agosto de 2017 a obra começou, com um investimento de R$ 5,89 milhões para a construção de 3.140,77m² e previsão de término em julho de 2018. A ideia era que fosse o terceiro Centro de Inovações a ser concluído. Chegamos a publicar até os eventos que seriam realizados após a conclusão.

Mas em julho de 2018 a obra estava pela metade e sua conclusão foi anunciada para dezembro, depois para novembro de 2019, depois 2020 e agora a promessa é para o segundo semestre deste ano, com mais R$ 770 mil de recursos para finalizar os 2% que faltam.

Esta obra é o exemplo de como o dinheiro público é mal gerido no Brasil. Por interesses que contrariam qualquer bom senso, uma obra desta envergadura foi mal concebida, mal construída e permanece inacabada.

O atual local do Centro de Inovação é fora de mão, não tem estacionamento nem acesso adequado e há muitas dúvidas se vai gerar o efeito “tecnológico e inovador” desejado. Também não se sabe se as entidades envolvidas terão o mesmo interesse que tinham, pois, as “cabeças” mudaram e as ideias também.

A briga e birra que levou um projeto a este caminho é a prova do quanto um bom projeto pode ser desvirtuado, de como um projeto público pode ser mal gerido e de quantos milhões podem ser investidos numa obra que tem tudo para se transformar em um grande elefante branco.