Editorial: A chuva e a resiliência
Na semana passada foram registrados grandes volumes de chuvas em nossa região – um dos maiores da história, no caso de Brusque, e o maior, no caso de São João Batista, cidade mais atingida pelos temporais, conforme noticiamos durante os últimos dias.
Mais uma vez, as chuvas chegaram ao Vale do Itajaí trazendo grandes estragos. Em Brusque, por exemplo, a média do mês de novembro é de cerca de 120 milímetros, e em poucos dias foram registrados mais de 500 mm. Isso causou transtornos de ordem econômica, na infraestrutura urbana e, sobretudo, a perda de vidas, cujo dano é irreparável.
A cidade mais atingida pelo fenômeno climático na nossa região foi São João Batista. As inundações afetaram, de forma direta e indireta, aproximadamente 30 mil pessoas, ocupando quase 85% do território do município. Nas primeiras horas, não havia para onde correr. Moradores, desesperados, pediam ajuda, mas até o acesso ao local onde moravam estava indisponível.
Duas mil pessoas foram resgatadas de suas casas que eram praticamente “engolidas” pela enchente. Outras 10 mil foram para a residência de parentes e amigos. A enchente também trouxe enormes prejuízos às empresas da cidade, cuja economia é baseada no setor calçadista, que perderam todo o seu maquinário e estoque.
Depois da chuva, no entanto, vem a esperança, e ela se manifesta na resiliência da população. Nesse momento, aflora um dos mais nobres sentimentos humanos: a solidariedade.
Não faltaram exemplos de quem se dispôs a ajudar os desabrigados a recomeçar a vida após a tempestade
Por esse motivo, não faltaram exemplos de quem se dispôs a ajudar os desabrigados a recomeçar a vida após a tempestade. Diversas pessoas, empresas e entidades, voluntariamente, se propuseram a auxiliar na reconstrução da cidade e na retomada da vida normal após a tragédia.
A prefeitura organizou um canal para recebimento de doações, que rapidamente teve adesão. Entidades como a CDL e a cooperativa Sicredi também colocaram suas estruturas à disposição para angariar alimentos e produtos de higiene, itens mais necessários aos atingidos pela enchente.
Empresas como a Havan também fizeram doações diretamente às pessoas que perderam seus bens após o temporal. Outras pessoas levaram mantimentos aos mais necessitados, e ainda dedicaram seu tempo como voluntários, ajudando na limpeza das casas dos vizinhos após a terrível inundação.
Na prática, tudo isso contribuiu para que os efeitos da enchente pudessem ser mitigados de forma mais rápida, possibilitando que a população possa se recuperar e, com dignidade, retomar sua vida normal.
Depois de toda essa chuva e de uma semana cheia de notícias tristes, este raio de sol da solidariedade ilumina e nos dá esperança de que o ser humano pode ser sempre melhor e é capaz de superar qualquer tragédia.