Editorial: Chuva, festa e ansiedade
No mesmo periodo em que Brusque se preparava para a Fenarreco, com desfile, sangria do barril de chope e varias atrações programadas, fomos surpreendidos pelo grande volume de chuvas que caiu na semana passada sobre o Vale do Itajaí. No primeiro momento, se tenta administrar as duas situações. Como a questão climática é imprevisível, tentou-se […]
No mesmo periodo em que Brusque se preparava para a Fenarreco, com desfile, sangria do barril de chope e varias atrações programadas, fomos surpreendidos pelo grande volume de chuvas que caiu na semana passada sobre o Vale do Itajaí.
No primeiro momento, se tenta administrar as duas situações. Como a questão climática é imprevisível, tentou-se manter a festa normalmente. No entanto, o volume de chuva que caiu sobre a cidade foi muito grande.
Para se ter uma ideia, nos primeiros 8 dias de outubro a precipitação foi de 250 milímetros de chuva, quase o dobro do que é esperado para todo o mês.
No começo do mês, Brusque não foi atingida como outros municípios. Taió, por exemplo, ficou debaixo d’água. Blumenau e outras cidades tiveram enchentes consideráveis. Os estragos foram tantos que, segundo contabilizado pelo governo do estado,foram mais de 130 municípios atingidos, e quase 70 decretaram estado de emergência, com inúmeros prejuízos materiais.
Estamos em uma corrente positiva para que novas previsões pessimistas não se confirmem, para que possamos voltar à vida normal e às nossas atividades corriqueiras
Porém, quando achávamos que a situação aqui na cidade havia se normalizado, veio mais chuva forte e o rio subiu além do nível que havia sido registrado na semana passada.
Nesta quinta-feira, novamente o rio Itajaí-Mirim saiu da calha, o que aconteceu pela quarta vez em uma semana. A Defesa Civil de Brusque projetou um pico de 7,5 metros para o fim da noite de ontem, um número ainda maior do que o registrado anteriormente. Isso reforça a importância de nos mantermos informando a população sobre a situação climática.
Na região, a situação está ainda pior. Rio do Sul teve a pior enchente em 12 anos, com o rio Itajaí-Açu passando de 11 metros. Em Blumenau, o rio passou de 10 metros e causou diversas inundações e deslizamentos.
Em meio a um cenário de ansiedade, muitas pessoas acabaram culpando a imprensa pela situação em si, mas os veículos de comunicação apenas estavam reportando as informações que recebiam.
Essas informações, conforme inclusive falou o governador Jorginho Mello, foram fundamentais para alertar a população e reduzir o risco de fatalidades relacionadas à enchente. No estado todo foram registradas duas mortes, número que poderia ser maior se não houvesse o devido alerta às pessoas que vivem em área de risco.
Com isso, as pessoas conseguiram sair das suas casas e tomar as providências necessárias, justamente porque ouviram os alertas, o que é um papel do qual a imprensa responsável não pode abrir mão.
Para nossa felicidade, o cenário em Brusque não foi tão adverso, pelo menos por enquanto. Mas nem por isso devemos arrefecer e atenuar a divulgação de informações relacionadas aos riscos do clima. É nosso dever continuar ouvindo a ciência e informando imediatamente se houver um cenário negativo sendo previsto, ainda que eventualmente não se confirme na proporção em que se desenhava.
Agora, estamos em uma corrente positiva para que novas previsões pessimistas não se confirmem, para que possamos voltar à vida normal e às nossas atividades corriqueiras, e ainda comemorar as festas de outubro em uma situação de mais tranquilidade na questão climática.