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Editorial: Cidade inteligente

Nesta semana foi lançado o programa Brusque Mais Inteligente, iniciativa proposta pela Prefeitura de Brusque, que envolve também o Instituto de Planejamento e Gestão de Cidades (IPGC) e o governo de Santa Catarina, no qual foram apresentadas propostas em diversas áreas, como tecnologia, inovação e sustentabilidade.  O objetivo é transformar Brusque em uma das “smart […]

Nesta semana foi lançado o programa Brusque Mais Inteligente, iniciativa proposta pela Prefeitura de Brusque, que envolve também o Instituto de Planejamento e Gestão de Cidades (IPGC) e o governo de Santa Catarina, no qual foram apresentadas propostas em diversas áreas, como tecnologia, inovação e sustentabilidade. 

O objetivo é transformar Brusque em uma das “smart cities”, ou cidade inteligente, em tradução livre. Brusque é o município pioneiro no projeto, que deve ser implantado gradativamente em outras cidades de Santa Catarina.

Essa iniciativa, em alguns aspectos, se compara a outra lançada em 2021, no governo do ex-prefeito Ari Vequi, no projeto denominado Brusque 2030. O projeto consistia no planejamento estratégico da cidade, com uma série de melhorias no serviço público, divididas nos seguintes eixos: sustentabilidade, transparência e eficiência, mobilidade e segurança, inovação e empreendedorismo.

Independente do rótulo e dos nomes dos projetos, esse tema é perseguido pelas prefeituras de cidades importantes do mundo, como Singapura, Oslo, Nova York, Dubai e Amsterdam, e Brusque começa a se inspirar nesses modelos para iniciar sua caminhada. 

O conceito de smart cities abrange ações em vários setores, tais como integração virtual, redução de emissão de poluentes, mobilidade urbana e logística. Dentro da logística, por exemplo, um dos questionamentos que se levanta é a questão dos semáforos. 

Temos um sistema arcaico de semáforos, com temporizador fixo, que não se adapta às mudanças no tráfego. O semáforo não é feito para simplesmente parar o carro, e sim para organizar o trânsito. Seu objetivo é dar mais fluidez e contribuir com a redução da emissão de poluentes, visto que as pessoas ficarão menos tempo com os carros parados. 

Todos os pilares já mencionados não podem ser tratados apenas como teoria, tem que estar adaptados aos hábitos da população. Não adianta, por exemplo, colocar wi-fi em pontos públicos sem nenhum propósito. Isso, por si só, não torna uma cidade inteligente. Assim seria se o wi-fi pudesse ser utilizado como tecnologia acessória, para os semáforos, câmeras de vigilância, integração com as forças de segurança, etc.

Ainda na questão dos hábitos urbanos, pode ser pensada a viabilidade do uso de sistema de compartilhamento de bicicletas, que é sucesso em diversas capitais do Brasil e do mundo. No entanto, é preciso ter uma campanha educativa adequada, para que as pessoas de fato utilizem essas bicicletas. Em Brusque, inclusive, essa iniciativa já foi implantada, mas não funcionou na prática. Não dá para se propor ações isoladas, que não estejam integradas a todos os pilares das smart cities.  

Esse projeto precisa ter um começo com metas definidas, que façam sentido para a realidade local, mas não necessariamente precisa ter um fim, pois são inúmeras as possibilidades de inovações que podem ser aplicadas no município, adaptando-se às necessidades das pessoas. 

E dentro desse pensamento de evolução, devemos pensar em uma cidade eficiente não só nas questões básicas do dia a dia, mas também avançar para soluções cada vez mais inovadoras, como Curitiba, no Brasil, que adota transporte público movido à eletricidade e biocombustível, e Amsterdam, na Holanda, que possui gestão do tráfego em tempo real.

A discussão é sempre oportuna e precisa ser iniciada. É salutar e louvável que esta gestão esteja dando importância para o assunto, e que tenha começado a desenvolver o projeto. Desejamos, porém, que seja mais um projeto que brilhe, e que depois não se apague. Que seja realmente uma proposta que tenha continuidade, e que possa trazer qualidade de vida e desenvolvimento para a cidade.