Página 3

Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

Editorial: O que Cônsul Carlos Renaux acharia de Brusque se voltasse à vida?

Página 3

Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

Editorial: O que Cônsul Carlos Renaux acharia de Brusque se voltasse à vida?

Página 3

Na terça feira fez 75 anos da morte do Cônsul Carlos Renaux, conforme divulgamos em destaque de capa da edição do dia 28. Renaux foi um ilustre personagem brusquense cujos feitos foram lembrados no extenso cerimonial realizado na cidade esta semana. 

No mundo tão agitado de hoje, muitas vezes não damos valor e até desconhecemos a história que nos trouxe ao lugar e a situação que vivemos. Neste sentido penso que poucas pessoas percebem a estátua do cônsul na praça Barão de Schneeburg, olhando para a avenida que leva o seu nome. 

Agora imagine caro leitor, num devaneio nostálgico e histórico, se esta estátua desse a vida novamente ao empresário e ele descesse do pedestal que está para dar uma volta na cidade. 

Com certeza o primeiro impacto seria perceber que seu bonito palacete, que ficava naquele local, foi demolido (1949). Também veria aquele centro que na época era arborizado e com imponentes casarões, completamente desfigurado.

Mesmo estranhando tudo, ele toma o rumo da rua Rui Barbosa e reconhece apenas o hotel Schneider, entre os tapumes; e o casarão Schaefer, que está em ruínas. Decide voltar e caminhar na Monte Castelo e não acha a prefeitura que construiu quando era intendente (demolida em 1965). Ainda à esquerda procura a igreja matriz e atônito percebe que também desapareceu (demolida 1954) e no seu lugar foi construída outra. Será que a segunda guerra, que acabara de acompanhar, chegou aqui?

Recupera o fôlego ao avistar o Colégio Cônsul e a Igreja Luterana, ainda de pé. Fica feliz em ver que o colégio sobreviveu ao tempo e está em expansão e que a igreja está bem cuidada pela comunidade luterana, como era no seu tempo. Se enche de orgulho em saber que estes dois legados floresceram.

Decide voltar à praça e por lá encontra um grupo de aposentados conversando. Percebe então que seu figurino de terno e chapéu destoa das vestimentas modernas. Mesmo assim não se intimida e lança um “Vie geht’s? ” ao grupo. Descobre então que o alemão, ao contrário de sua época em que era quase uma língua oficial, é falado por raríssimas pessoas hoje em dia por aqui. 

As sementes plantadas pelo Cônsul deram frutos e ajudaram a transformar Brusque numa cidade próspera, com um dos melhores IDHs do Brasil

Mas não desiste da conversa, e depois de se apresentar quer saber o que aconteceu na cidade desde a sua partida. Fica sabendo que ninguém mais de sua família comanda as indústrias que fundou e que uma parte daquele patrimônio foi adquirida por um ex-funcionário da fábrica, Luciano Hang, outra parte pelo grupo Fischer e outra, que era a antiga Iresa, ainda está em atividade, como o nome Renauxview.

Meio desanimado, decide continuar explorando o território e no final sobe a rua até a Felipe Schmidt, chegando ao jornal O Município. Como sempre foi ligado em política ficou animado em saber que estamos em ano de eleições e que, mesmo sendo uma estátua por tanto tempo, teria chance de se eleger em meio a muitos candidatos que querem concorrer. 

Também fica feliz em saber que ainda está em atividade a “Maternidade” com o nome de “Hospital Imigrantes” e que o Hospital Azambuja continua tendo patronos empresários que colocam tempo e dinheiro na sua reforma e expansão.

Assim, mesmo nesta breve caminhada, entre surpresas e decepções o Cônsul percebe que Brusque mudou muito e, apesar de ser quase 11 vezes mais populosa que em 1945, seguiu muitos dos caminhos e iniciativas traçadas por ele. A partir de seu empreendimento a cidade vocacionou-se para a indústria e comércio, e assim como ele continua com a preocupação em promover a saúde e educação.

As sementes plantadas pelo Cônsul deram frutos e ajudaram a transformar Brusque numa cidade próspera, com um dos melhores IDHs do Brasil. Ele pode continuar no seu descanso eterno, deixando sua estátua no pedestal. Ela segue vigiando a cidade e nos fazendo lembrar desta figura ilustre e do seu exemplo, mesmo depois de 75 anos.

 

Colabore com o município
Envie sua sugestão de pauta, informação ou denúncia para Redação colabore-municipio
Artigo anterior
Próximo artigo