Editorial: A demografia e a economia
Na quinta-feira passada, dia 27, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a estimativa populacional de Brusque em 137,6 mil habitantes, conforme publicamos aqui no jornal O Município. Este número representa um crescimento de 2,2% em relação ao ano anterior.
Apesar de ser o menor percentual da série histórica dos últimos cinco anos ele vem alinhado com um crescimento superior aos 2% anuais. Transformando este percentual em valores absolutos, podemos dizer que nos últimos cinco anos Brusque cresceu quase três vezes a cidade de Botuverá ou mais que uma cidade de Nova Trento inteira.
Este não é um crescimento exclusivamente natural, (que é calculado pela diferença entre nascimentos e mortes), mas também pelo movimento migratório que há muitos anos vem compondo nossa população. Se levarmos em conta a média de crescimento do Brasil que é de 1,24% podemos dizer, a grosso modo, que quase metade de novos brusquenses é migrante.
Este fenômeno acontece pela característica econômica de nossa cidade, que gera oportunidade de trabalho para brasileiros de outros estados e até para estrangeiros que buscam melhores condições de vida.
Esta tímida e importante evolução na economia de Santa Catarina e de Brusque mostra o fôlego que ainda temos para uma retomada do crescimento econômico
Este ano, com a pandemia, nosso ritmo econômico sofreu uma queda, assim como em todo o mundo. O índice de Potencial de Consumo caiu 8,5% em relação ao ano passado. A informação é com base numa pesquisa da IPC Maps, baseada nos dados do IBGE, conforme publicamos na edição de sexta-feira passada.
A notícia vem na mesma linha do estudo Pnad Covid do IBGE, que registrou uma queda de 10% no rendimento médio do catarinense em julho. Segundo o instituto, o valor médio recebido por cada catarinense ocupado foi de R$ 2.225 contra R$ 2.473 normalmente recebidos.
Assim, os dois pilares do desenvolvimento de Brusque estão colocados à prova. O crescimento populacional precisa da economia e a economia precisa de mão de obra para atender a demanda.
Mas mesmo neste cenário, com uma atividade econômica menor e uma redução na capacidade de consumo, é possível que não tenhamos um impacto grande na questão da migração. Isso porque temos conseguido uma reação melhor à crise que em outras regiões.
Estamos ensaiando uma recuperação, que ainda está lenta, mas traz um certo otimismo. Como exemplo tivemos uma redução da taxa de ocupação de 8,6% em junho para 8,4% em julho, conforme relatório do IBGE, muito abaixo da média nacional de 13,1%.
A Jucesc também trouxe a boa notícia da abertura de mais de 100 mil empresas este ano, sendo que 65 mil foram constituídas durante a pandemia, provando que muitos catarinenses estão empreendendo e buscando soluções em plena crise.
Esta tímida e importante evolução na economia de Santa Catarina e de Brusque mostra o fôlego que ainda temos para uma retomada do crescimento econômico e, consequentemente, a manutenção do crescimento demográfico.
Se continuarmos neste ritmo talvez não teremos uma mudança mais significativa neste modelo e poderemos continuar crescendo e nos desenvolvendo.