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Editorial: Do dia ensolarado à tempestade

Há exatamente uma semana a agenda de Brusque ainda estava intensa. Vários eventos sociais, festas, casamentos, assembleias, missas, escolas, empresas funcionando a todo vapor. Havia a informação sobre uma pandemia chegando, mas ainda parecia um assunto que não estava na pauta. Em apenas sete dias tudo mudou, e hoje, como noticiamos durante toda esta semana, […]

Há exatamente uma semana a agenda de Brusque ainda estava intensa. Vários eventos sociais, festas, casamentos, assembleias, missas, escolas, empresas funcionando a todo vapor. Havia a informação sobre uma pandemia chegando, mas ainda parecia um assunto que não estava na pauta.

Em apenas sete dias tudo mudou, e hoje, como noticiamos durante toda esta semana, somente os serviços essenciais estão funcionando. As ruas estão quase desertas e a orientação é ficar em casa. Esta mudança tão drástica de atitude pegou todos de surpresa, mesmo com todas as informações que recebemos e não demos importância.

É como se estivéssemos num lindo dia ensolarado e alguém estivesse vindo nos falar que se avizinhava uma tempestade. Ficamos incrédulos olhando para o céu e vendo somente o sol, mas desde o dia 17 de novembro, na distante China, o primeiro caso de coronavírus foi registrado e divulgado. Em dezembro a China mostrava ao mundo a agressividade do novo vírus. Parecia uma pequena nuvem, que não atrapalhava em nada o brilho do sol por aqui.

Em janeiro, já na Europa, a Alemanha divulgava o primeiro caso de transmissão entre indivíduos e no final de fevereiro, dia 28, já eram 50 países que registravam a doença quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) elevou para muito alto o risco mundial de uma epidemia de Covid-19. O Brasil, naquele momento, já registrava 132 casos suspeitos e mesmo assim continuamos a achar que estava tudo bem. 

Neste pouco tempo ainda não assimilamos o tamanho e intensidade do problema, mas é preciso mudar de postura

Duas semanas depois os casos de Covid-19 fora da China já haviam aumentado 13 vezes e o número de afetados triplicou o que que levou a OMS a declarar, no dia 11 de março o fenômeno como pandemia. A tempestade já estava no radar e aparecia em todas as previsões do tempo, mas mesmo assim, pensávamos que fosse um exagero e que poderíamos manter nossas vidas normais. 

Agora começamos a ver o tempo mudar e, ao invés do brilho do sol, começam a aparecer as sombras da trovoada. Neste momento, buscar um abrigo seguro e esperar a tempestade passar é o melhor que podemos fazer. Não é uma chuva de verão e quem subestimar o problema saindo de casa para ir aqui ou acolá pode ser atingido por um raio da transmissão e comprometer todas as pessoas a sua volta.

Neste pouco tempo ainda não assimilamos o tamanho e intensidade do problema, mas é preciso mudar de postura. Estávamos entretidos estendendo uma roupa no varal, participando de um churrasco ao ar livre, andando de bicicleta quando o temporal chegou e corremos para o abrigo. Com a mudança brusca perguntamos como vai ficar a roupa que deixei no varal? Vai estragar a comida e a decoração da festa que deixamos para trás? Será que vão roubar a bicicleta que ficou na estrada?

Neste momento todos temos mais dúvidas do que certezas. Não sabemos como ficará a economia e os empregos. Não sabemos que intensidade e quanto tempo esta pandemia vai durar. Não sabemos quantos casos teremos e nem se as estruturas de saúde vão dar conta de atendê-los. 

Mesmo assim precisamos manter a calma e seguir as orientações das autoridades. Cada questão, cada dúvida terá, a seu tempo, uma resposta, mas será preciso paciência para esperar. 

Para todos nós será um tempo de desafio, em que estaremos longe dos nossos afazeres, de nosso trabalho, da nossa diversão e principalmente de nossos familiares. Também estaremos longe de nossos templos religiosos, mas não podemos estar longe de nossa fé. Precisamos acreditar que esta tempestade vai passar e o sol novamente vai brilhar.

Nós do jornal O Município vamos acompanhar cada momento deste período, informando e levando a você os acontecimentos e respostas para o entendimento claro da situação, exercendo assim na plenitude nossa missão. Vamos estar juntos com você, no jornal, no portal, nas redes sociais, faça chuva ou faça sol.