Editorial: é hora de ficar em casa e evitar aglomerações
A semana começou com a publicação do decreto número 8671 com as novas medidas de enfrentamento a pandemia da Covid-19 conforme publicamos aqui no jornal.
Algumas medidas já haviam sido publicadas em decretos anteriores como a suspensão de atividades em academias e clubes e a realização de missas e cultos em igrejas ou templos. A proibição de práticas esportivas em espaços privados e públicos também voltou à tona assim como a proibição de circulação de veículos de fretamento para transporte de pessoas.
O governo deu uma atenção especial na questão da proibição de aglomeração em qualquer ambiente, aumentando a restrição inclusive para as festas em residências com não residentes.
O comércio foi poupado e não teve suas atividades suspensas, mas novas regras de funcionamento terão que ser observadas, como novos horários de funcionamento e restrição de quantidade de pessoas nos estabelecimentos.
As medidas chegam no momento em que nossa região passou a ser classificada como Risco Potencial Gravíssimo, com a curva de contágio em grande ascendência chegando perto da marca de 1900 casos confirmados.
Desde o início da pandemia se falava da tal curva de contágio e de medidas para fazer o “achatamento” e dar tempo para o governo equipar o sistema de saúde e evitar seu colapso. Pois bem, depois de mais de quatro meses de pandemia estamos chegando neste momento e percebemos que o governo não conseguiu estruturar o sistema de saúde a contento neste tempo todo.
É hora de ficar em casa, de evitar aglomerações, de lavar as mãos, de usar máscara, de manter distanciamento
No domingo os 10 leitos de UTI do SUS destinados a pacientes com Convid-19 estavam ocupados. Durante a semana houve uma intensa negociação para ampliar os leitos, e ontem foram anunciados mais 12, fazer frente à alta demanda.
Se fizermos uma analogia desta situação difícil com uma enchente, que é um problema que estamos mais familiarizados, agora seria a hora em que a água já saiu da calha e está inundando o centro.
Muitos locais estão fechando, não por proibição, mas porque foram atingidos pela pandemia, assim como acontecia quando as aguas chegavam. Nesta semana as agências do Itaú fecharam, assim como a agência da Receita Federal pela contaminação de seus funcionários. Serviços essenciais como o Caps e UBS e até a Defesa Civil também foram fechados pelo mesmo motivo (só na secretaria de saúde mais de 300 servidores já foram afastados).
Como já estamos há muito tempo escutando este assunto podemos pensar que o problema não chega na nossa casa, mas ao contrário de uma enchente, que começa pelas partes mais baixas, o coronavírus está na cidade inteira.
E, se na enchente chega a hora de “levantar as coisas”, a hora agora é a de levantar a guarda, aumentando os cuidados para não ser atingido. Hora de ficar em casa, de evitar aglomerações, de lavar as mãos, de usar máscara, de manter distanciamento.
O gráfico da cota do rio Itajaí-Mirim virou o gráfico de contaminação e mortes por Covid-19 em Brusque e precisamos acompanhar com atenção sua evolução. E, se numa enchente nos sentimos impotentes diante da força da natureza, na pandemia temos uma participação muito maior.
Não precisamos esperar leis e decretos para nos cuidarmos, nem esperar fechar estabelecimentos para saber que estamos num momento crítico. Nossas ações vão determinar o tamanho e intensidade dos estragos.
Numa enchente os danos materiais são imensos, mas podem ser recuperados quando as águas baixam. Nesta pandemia o risco de vida é que está em jogo e por isso não podemos descuidar, ainda mais se estamos no pico, como afirmou o vice-prefeito Ari Vequi. O importante é preservar a vida e manter a esperança de que tudo vai passar.