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Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

Editorial: “É nóis” no trânsito

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Editorial: “É nóis” no trânsito

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Na quarta-feira o jornal O Município publicou uma matéria sobre as razões das multas de trânsito em Brusque, mostrando que em primeiro lugar, com 2.182 infrações, foi transitar utilizando o celular, em seguida, com 2.141 infrações, foi deixar de usar o cinto de segurança e em terceiro, com 829 infrações, foi veículo registrado e não licenciado (documento atrasado).

Ainda neste levantamento feito pela Polícia Militar e publicado na matéria os dados são expressivos. Somente em 2019 foram registradas 14,6 mil multas, ante 17,7 mil aplicadas em 2018. 

A primeira impressão é que houve uma melhora, mas o tenente-coronel Otávio Manoel Ferreira Filho apresentou três fatores que contribuíram para a redução: quase não foram geradas multas na Área Azul; não foram consideradas as multas pela infração de não registrar o veículo em até 30 dias e a falta de efetivo para fazer mais operações de fiscalização.

Estes dados mostram o quanto nosso comportamento no trânsito está longe do ideal. São milhares de multas por atitudes óbvias, mas que infelizmente não são praticadas. O agravante é que nem o aumento sucessivo no valor das multas tem funcionado para mudar este comportamento.

No caso de Brusque, se analisarmos o uso do celular, que é a líder em incidência, podemos ver como estamos levando um péssimo comportamento de carona. Ficamos tão ligados ao mundo digital a ponto de deixarmos a realidade de nossa segurança e de terceiros em segundo plano. 

Infelizmente não é só aqui que isso acontece e, mesmo sabendo que usar o telefone ao volante é infração gravíssima, sua ocorrência vem aumentando. Para se ter uma ideia, a cada dois minutos ocorre este tipo de multa no Brasil. 

Não nos falta informações e nem punições, falta atitude para que sejamos mais conscientes e respeitemos as leis

Mas muito pior que as penalidades pecuniárias ou administrativas são as consequências que este comportamento causa. Ele aumenta em 400% o risco de acidentes e já é a terceira maior causa de mortes no trânsito. Mesmo assim quem é que nunca deu uma espiada no celular enquanto dirige?

Além do celular a imprudência é outro grande vilão. Conforme matéria que publicamos nesta quinta-feira, os acidentes fatais em nossa cidade cresceram 18%, ceifando 19 vidas. Chama a atenção o fato de que quase metade o fator álcool e drogas estava presente. O excesso de velocidade, falta de atenção e ultrapassagem indevida figuram também como causa destes acidentes fatais.

Queremos um mundo melhor, um trânsito mais civilizado, mas estamos longe de praticar as regras mais básicas para uma convivência satisfatória. Mesmo custando caro e sendo obrigatórias, as leis de trânsito são descumpridas e estas milhares de multas são só a ponta de um iceberg das infrações praticadas. Se houvesse tantas operações como as idealizadas pelo comandante Otávio, com certeza teríamos múltiplos dos números apresentados.

O trânsito é um espelho de nosso comportamento, “é nóis”, numa imagem ruidosa e desregrada, longe da civilidade e respeito que precisamos. Não nos falta informações e nem punições, falta atitude para que “nós sejamos” mais conscientes e respeitemos as leis, a segurança e a vida. 

 

 

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