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Editorial: Efeito colateral

Nossa região sempre teve grande vocação empreendedora. Somos o berço da fiação catarinense e continuamos a atuar muito forte no setor têxtil. Excetuando a produção de algodão, todas as demais etapas do beneficiamento a pronta entrega são realizadas intensamente por aqui. Também contamos com a indústria metalmecânica, química, de comércio e serviços, que davam uma […]

Nossa região sempre teve grande vocação empreendedora. Somos o berço da fiação catarinense e continuamos a atuar muito forte no setor têxtil. Excetuando a produção de algodão, todas as demais etapas do beneficiamento a pronta entrega são realizadas intensamente por aqui.

Também contamos com a indústria metalmecânica, química, de comércio e serviços, que davam uma dinâmica a nossa economia, mantendo-a forte.

A vinda do coronavírus está trazendo um grande impacto a este modelo. Com o confinamento e a interrupção da cadeia produtiva, muitas empresas não vão sobreviver e outras vão precisar de uma adaptação dramática para continuar no mercado.

A grande adesão à Medida Provisória 936 que estabelece a possibilidade de suspensão do trabalho e redução de jornada e salários mostra a necessidade de auxílio que as empresas vão precisar para sobreviver. 

Mesmo com esta opção, muitas empresas não estão conseguindo manter seus colaboradores e estão demitindo, conforme matéria que publicamos aqui no Município na quarta-feira.

O desemprego é o grande problema que vem a reboque da Pandemia. Segundo o cálculo do Ibre, a taxa vai subir de 11,6% para 16,1% no segundo trimestre no Brasil. Isso significa que mais de 5 milhões de pessoas vão perder o emprego nos próximos três meses, chegando ao maior contingente da história.

A pandemia é um problema de saúde, mas está provocando uma crise sem precedentes na economia como efeito colateral

Em Santa Catarina os números também são preocupantes. Segundo levantamento realizado pelo Sebrae na semana passada, 406 mil empregos diretos foram fechados durante a pandemia, dos quais 242 mil em pequenas e microempresas e 164mil de grandes de médias empresas.

Este movimento está diretamente ligado a queda de faturamento das empresas que também foi abrupta. A pesquisa Sebrae apurou que durante o isolamento social, 91% das empresas tiveram uma redução médias de 64,63%. Esta redução motivou 41,79% das empresas da região da Foz do Itajaí (que abrange Brusque) a demitir.

Infelizmente o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) não tem os dados atualizados destes desligamentos. Está tão defasado que ainda não divulgou os relatórios de janeiro e fevereiro, aumentando ainda mais a expectativa pela confirmação deste cenário. 

Mesmo sem os números oficiais do Caged, a pesquisa do Sebrae nos dá a dimensão do problema, que vai exigir um esforço de toda sociedade para vencer esta crise. Os próximos meses serão decisivos principalmente no entendimento do comportamento do mercado após a abertura e em relação ao crédito.

Também será necessário um esforço de união da classe empresarial na busca de reivindicações junto ao poder público, para fazer chegar no empresário os benefícios anunciados pelo governo e bancos. Até agora o crédito está vindo a conta gotas, quando vem, deixando o sistema sem fôlego para reagir.

A pandemia é um problema de saúde, mas está provocando uma crise sem precedentes na economia como efeito colateral. O enfrentamento de ambas vai depender da competência do governo em reduzir o hiato que existe entre as ações divulgadas e a realidade. 

Quando menor esta distância, mais rapidamente os efeitos da pandemia serão controlados e mais rapidamente o desemprego será estancado. Já estamos cansados de escutar as promessas que não estão se materializando enquanto vemos a epidemia crescendo e os empregos sumindo.