Editorial: A eleição e a diversidade em Brusque
As eleições municipais deste ano trouxeram avanços pontuais na diversidade sexual, de gênero e de raça, com alguns nomes quebrando recordes e paradigmas. Essa movimentação está relacionada a novas regras eleitorais, ao amadurecimento das candidaturas desses campos e a uma reorientação do campo progressista, que segue minoritário e enfrentará resistência de forças à direita, segundo […]
As eleições municipais deste ano trouxeram avanços pontuais na diversidade sexual, de gênero e de raça, com alguns nomes quebrando recordes e paradigmas.
Essa movimentação está relacionada a novas regras eleitorais, ao amadurecimento das candidaturas desses campos e a uma reorientação do campo progressista, que segue minoritário e enfrentará resistência de forças à direita, segundo matéria publicada na DW Brasil.
Tivemos casos emblemáticos, como em Belo Horizonte e Aracaju, onde as candidatas mais votadas foram mulheres trans. Em São Paulo, dois dos dez candidatos mais votados também são trans. Este ano o número de candidatos LGBT foi o maior registrado com 502 postulantes, dos quais pelo menos 83 foram eleitos.
No aspecto racial, Curitiba elegeu a sua primeira vereadora negra e Porto Alegre, que nunca chegou a ter mais de dois vereadores negros na mesma legislatura, agora terá cinco: quatro mulheres e um homem. O percentual de candidatos negros, que incluiu os que se identificam como pretos e pardos, neste ano alcançou 49,9% e superou o de brancos pela primeira vez nas eleições.
Em Brusque esta tendência também elegeu, pela primeira vez na história, uma mulher negra, Marlina Oliveira (PT) com 753 votos. Ela é natural de Erechim, no Rio Grande do Sul, tem 37 anos e está cursando doutorado em Educação pela Universidade Federal do Paraná.
São os ventos da renovação que sopraram no Brasil e também na conservadora Brusque, mudando pessoas e conceitos
Marlina se junta ao nome de Carol Dartora e Ana Lucia Martins, que também foram as primeiras vereadoras negras de Curitiba e Joinville, respectivamente. Elas refletem o avanço das mulheres negras que se candidataram neste ano. Foram 90.839 mulheres negras que disputaram o pleito, ante 72.969 da última eleição, mostrando um expressivo crescimento de 24,5%.
Marlina entrou nesta onda e, além da representatividade racial, tem também a questão da migração, muito forte em nossa cidade. Segundo uma pesquisa feita pela Univali em 2018, mais da metade de nossa população não é nativa. São pessoas como Marlina, que vieram de outras cidades, e até de outros países em busca de uma nova oportunidade.
Assim, a nova vereadora promete ser a voz e vez daqueles que vivem em nossa cidade, mas até agora não tinham uma representação direta no poder municipal.
São os ventos da renovação que sopraram no Brasil e também na conservadora Brusque, mudando pessoas e conceitos, que com certeza vão influenciar as discussões do futuro da cidade.