Editorial: Espetáculo de fim de ano
À medida em que o fim do ano se aproxima, com o Natal ao alcance dos olhos, paira sobre muitos de nós a tentação de olhar para o que fizemos e vimos nesses meses todos. E, não raro, caímos na esparrela de contabilizar os erros, as mancadas, as oportunidades perdidas. O que é um equívoco enorme.
Cada etapa da nossa vida tem, naturalmente, suas dores. Faz parte. E à medida em que os anos passam, vamos aprendendo que a melhor preparação para retomar a caminhada, para iniciar um novo ano, para comemorar o Natal de bom humor, é saber valorizar e alegrar-se com as conquistas, ainda que aparentemente pequenas. Reconhecer, na história recente, o fato inegável de que conseguimos chegar até aqui. E que o que vivemos nos dá melhores condições de enfrentar o que virá.
Folheando este nosso O Município encontramos registros de alguns eventos culturais de grande beleza e significado que justamente marcam o final do ano. Escolas de dança, por exemplo, fazem seus espetáculos de conclusão do período. Neles as alunas e os alunos mostram, para familiares e convidados, o aperfeiçoamento de suas técnicas, conseguido ao longo de um ano de trabalho.
Que ideia interessante: o final do ano como oportunidade de fazer um balanço festivo do progresso, dos avanços, por menores que tenham sido, revisitar o que aprendemos dia após dia. Viver é um evento cultural em que somos os protagonistas. Nem sempre concorremos ao Oscar, ou ganhamos na loteria, mas estamos sempre aprendendo e ensinando, um passo de cada vez.
Se, no final do ano, conseguimos trancar o pessimismo numa gaveta (ainda que apenas por uns dias), conseguiremos também fazer uma festa de encerramento desta etapa com um grande show de alegria íntima, identificando os novos passos que conseguimos executar, demonstrando nossa sensibilidade aos compassos da música da vida, flutuando leves, sorriso nos lábios, em rodopios cheios de graça, porque estamos vivos, porque não nos deixamos abater, porque ainda conseguimos ver a beleza dessas festas, dessas músicas e encontramos, nesse clima, o ânimo, a coragem e a força que achávamos que estavam perdidos.
Nem todos conseguimos ter o desprendimento para apreciar com alegria e esperança essas festas, a comemoração dessas vitórias e conquistas. É difícil, às vezes, sair debaixo da montoeira de problemas e preocupações e olhar com alma desanuviada o mundo ao redor. Mas é preciso fazer um esforço. E festejar. Encontrar motivos para sorrir e valorizar o que de bom fizemos é a melhor forma de recarregar as baterias para as lutas que nos esperam. Lutas dos mais diversos tipos e categorias que, com a alma leve e os olhos postos no futuro, enfrentaremos e, mais uma vez, venceremos. Porque no final do próximo ano queremos fazer uma festa ainda maior, mais alegre, mais musical, mais animada.
Parabéns a todos os que chegaram até aqui e recebam o aplauso da plateia de amigos e convidados, pelo belo espetáculo que apresentaram, quando por mais nada, pelo simples fato de ainda conservarem a esperança, a alegria e o bom humor.