Editorial: Festas e direção
As festas de outubro estão encerrando. Foram muitos dias de alegrias e animação. Também foi um período de muito chope. Na Fenarreco, os números finais ainda não foram apresentados, mas até quinta-feira, dia 17, haviam sido consumidos 22 mil litros da bebida. Na vizinha Blumenau, até quarta-feira, havia sido consumido quase 393 mil litros de […]
As festas de outubro estão encerrando. Foram muitos dias de alegrias e animação. Também foi um período de muito chope. Na Fenarreco, os números finais ainda não foram apresentados, mas até quinta-feira, dia 17, haviam sido consumidos 22 mil litros da bebida. Na vizinha Blumenau, até quarta-feira, havia sido consumido quase 393 mil litros de chope na Oktoberfest.
A bebida que embala as festas e faz parte de nossa tradição também faz parte da cultura de dirigir sob seu efeito. Para conter este comportamento foi realizada a Operação Festas de Outubro, que flagrou 197 motoristas embriagados na BR-101 e BR-470 entre a noite de sábado, 19, e domingo, 20.
Esta situação de beber e dirigir não acontece só em outubro. Esta é uma pratica que acontece todos os dias, todos os meses e tem como consequência direta acidentes e mortes. Em Brusque, de janeiro a outubro deste ano foram 104 prisões por embriaguez,135 multas por recusa ao bafômetro e 59 multas pelo bafômetro.
São números expressivos que mostram o quão arraigada em nossa sociedade está a atitude de beber e dirigir. Por mais que haja campanhas, leis, fiscalização e punições severas, ainda nos surpreende a quantidade de pessoas que dirigem sob efeito do álcool.
São os ventos das mudanças que precisam ser assimilados em contraponto à cultura de beber e dirigir
A resistência em seguir a lei ainda é enorme e pode ser constatada tanto nos números de autuações que citamos como nos comentários que estão em matérias jornalísticas ligadas ao tema. Podemos ler manifestações afirmando que estas operações da polícia são “caça níquel”, que é “sacanagem” fazer uma blitz depois de uma festa, e por aí vai, mostrando uma completa insensatez diante dos fatos.
A boa notícia por aqui é que a estratégia de aumentar a fiscalização durante a Fenarreco tem sido positiva. Nas abordagens policiais feitas durante a festa foram somente três pessoas detidas e seis multas aplicados por recusa do bafômetro. Esse baixo número é atribuído à maior utilização de transportes alternativos como táxi, Uber e 99, mostrando uma mudança no comportamento dos festeiros.
São os ventos das mudanças que precisam ser assimilados em contraponto à cultura de beber e dirigir. Ainda não estamos num patamar aceitável e um longo caminho precisa ser percorrido no combate a essa pratica, afinal, o ato de beber e dirigir não é somente uma infração de trânsito, ele é um crime.
As fiscalizações rigorosas são importantes instrumentos e têm se mostrado eficientes. Elas não devem ser vistas como uma coibição à participação das pessoas nas festas de outubro, muito pelo contrário, devem ser a presença da lei e inibir esta cultura de beber e dirigir, dando segurança a quem transita nas estradas e rodovias e preservando a integridade da sociedade.
Assim, os verbos beber e dirigir não podem ser conjugados juntos. Podemos e devemos cultivar as tradições, participar das festas e até fazer parte dos números de consumo de chope, mas vamos voltar para casa em segurança para não aumentar as estatísticas de acidentes e de prisões que dão uma dor de cabeça muito maior que a pior das ressacas.