Editorial: Futebol lá e aqui
A Copa do Mundo de Futebol do Catar começou no domingo trazendo uma série de inovações. Trata-se de uma Copa disputada pela primeira vez no meio do deserto, no pequeno país árabe localizado no Sudoeste Asiático. Para evitar as altas temperaturas, também pela primeira vez a competição está sendo disputada no fim do ano, ao […]
A Copa do Mundo de Futebol do Catar começou no domingo trazendo uma série de inovações. Trata-se de uma Copa disputada pela primeira vez no meio do deserto, no pequeno país árabe localizado no Sudoeste Asiático. Para evitar as altas temperaturas, também pela primeira vez a competição está sendo disputada no fim do ano, ao contrário de quando costumeiramente acontece, entre junho e julho.
E não só o país e a época do ano são novidades nesta Copa. A escolha do Catar como sede pela Fifa trouxe consigo uma série de adaptações que precisam ser feitas por quem participa do Mundial. A venda de cerveja, por exemplo, foi limitada a poucos lugares e com preços astronômicos, devido à legislação do país, extremamente restritiva.
Trata-se de uma Copa em um lugar estranho aos olhos ocidentais, com severas restrições aos comportamentos que consideramos normais, inclusive a homossexualidade, que é criminalizada no país.
Essas características inevitavelmente levantam as suspeitas de que tenha havido corrupção e benefícios aos envolvidos no processo de escolha do Catar como sede da Copa, já que há tantos poréns depondo contra a candidatura do país.
A Copa, neste início, apesar de teoricamente focada no futebol, tem se tornado uma questão muito mais política do que esportiva. O evento tem sido usado para promover tanto a Fifa quanto o próprio país, que não tem tradição nem no futebol nem boa reputação no que diz respeito às liberdades individuais. Com isso, protestos políticos ganham até mais visibilidade do que as partidas entre seleções.
Tanto lá no Catar quanto aqui em Brusque, o futebol é catalisador de uma grande gama de emoções, que une esporte, política e economia
Aqui em Brusque o futebol também foi o assunto da semana, com o anúncio de que a Havan não irá renovar o patrocínio do Brusque Futebol Clube para 2023. É uma decisão da empresa, que tem seus motivos econômicos, e os recursos com certeza farão falta ao clube.
A Havan, para o Brusque, não é apenas um patrocínio. A empresa, além de investir no clube, motivava uma gama de outros patrocinadores, tomava a frente em promoções e ações para aumentar o engajamento e a convergência de forças em prol do futebol, e sua ausência com certeza vai ser sentida.
Dessa forma, tanto lá no Catar quanto aqui em Brusque, o futebol é catalisador de uma grande gama de emoções, que une esporte, política e economia, movimentando diversos atores além das quatro linhas de um campo.
Por isso, apesar de tantas bandeiras e interesses que se coloca no futebol ele ainda sobrevive e consegue ser alento nestes tempos tão sofridos. Que o Brasil consiga vencer na Copa e ache bons caminhos também na política, na economia e empolgue até empresas brusquenses para poder patrocinar o nosso Brusque.