Editorial: herança polonesa
O jornal O Município lança nesta sexta-feira, 23, o caderno especial “Brusque Lar Polonês, 150 anos de imigração no Brasil”. Esta é uma das ações que transcendem o serviço de informar, tocando a cultura e alma de nossa sociedade por meio do resgate histórico, elaborado de forma atrativa e exclusiva para nossos leitores. Este caderno […]
O jornal O Município lança nesta sexta-feira, 23, o caderno especial “Brusque Lar Polonês, 150 anos de imigração no Brasil”. Esta é uma das ações que transcendem o serviço de informar, tocando a cultura e alma de nossa sociedade por meio do resgate histórico, elaborado de forma atrativa e exclusiva para nossos leitores.
Este caderno foi fruto de um trabalho planejado desde o ano passado, com o objetivo de reforçar o requerimento da primazia do título de berço polonês, rivalizado com a cidade de Curitiba, e comemorar os 150 anos da imigração polonesa no Brasil.
Para isso nossa equipe contou com a ajuda de muitas pessoas, como a historiadora Maria do Carmo Ramos Krieger, que foi uma das pioneiras na defesa dessa causa, além de outros historiadores, como Aloisius Carlos Lauth. Também foi imprescindível a participação do empresário Ivan José Walendowsky, um entusiasta e colaborador desde o primeiro momento do tema e do projeto.
O caderno foi encampado pelo jornalista Marcos Borges, que não se baseou somente nas fontes bibliográficas disponíveis. Mergulhou fundo no tema e foi a campo pesquisar as pessoas e locais testemunhas desta saga.
Esta história é um patrimônio de Brusque que hoje reverbera no Brasil e no mundo. É um tema que merece ser muito mais exaltado e do qual podemos ter orgulho
No caminho nos deparamos com a primeira dificuldade: a escassez de material. Os primeiros poloneses chegaram aqui em 1869, depois dos alemães e não se tem registros, como os de nascimento, ou fotos como dos seus antecessores europeus. Além disso, vieram como sendo alemães, russos ou austríacos, devido a disputas territoriais.
O que se tem registro é que 16 famílias da Alta Silésia migraram por meio do porto de Hamburgo na Alemanha até o porto de Itajaí, e finalmente Brusque. Aqui tiveram uma vida dura na então colônia Príncipe Dom Pedro (Águas Claras), que não tinha tanta atenção como a Colônia Itajahy, e, por influência de Sebastião Saporski, acabaram indo para Curitiba em 1871.
Na “segunda leva de poloneses”, que ocorreu em 1889, o perfil de agricultor dos imigrantes mudou e entraram em cena os “tecelões de Lodz”. Eles tiveram uma aderência muito melhor em nossa região e foram decisivos para a industrialização de nossa cidade.
E por conta desses dois movimentos distintos é que surgiu a rivalidade entre Brusque e Curitiba. Os paranaenses não dão ênfase aos dois anos que os poloneses ficaram aqui. Uma corrente alega eles só tiveram uma passagem por Brusque, não chegando a se estabelecer como “lar”. E para defender esta tese é claro que colocam o peso de ser a segunda maior colônia polonesa do mundo (só perdem para Chicago).
Mas Brusque teve um trunfo nesta disputa. No dia 25 de agosto de 1869, o padre Alberto Gattone Batizou aqui Estevão Sienovski e a data deste batismo virou o marco da imigração polonesa, provando que nossa cidade foi sim o primeiro lar deste povo em terras brasileiras.
Mas nossa intenção neste editorial não é resumir o caderno, e sim incentivar o leitor a conhecê-lo, afinal esta história é um patrimônio de Brusque que hoje reverbera no Brasil e no mundo. É um tema que merece ser muito mais exaltado e do qual podemos ter orgulho, pois coloca Brusque em evidência novamente como uma cidade especial e acolhedora. Dobre czytanie!