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Editorial: Independência sem bandeiras

Nesta quarta-feira comemoramos o 7 de setembro, dia da independência do Brasil, uma data particularmente simbólica em 2022, já que chega ao seu bicentenário. As comemorações, no entanto, já foram muito mais efusivas no passado. Anos atrás, havia desfile cívico, as escolas se preparavam durante semanas para o grande dia. Os estudantes, engajados, participavam de […]

Nesta quarta-feira comemoramos o 7 de setembro, dia da independência do Brasil, uma data particularmente simbólica em 2022, já que chega ao seu bicentenário.

As comemorações, no entanto, já foram muito mais efusivas no passado. Anos atrás, havia desfile cívico, as escolas se preparavam durante semanas para o grande dia. Os estudantes, engajados, participavam de ensaios com bastante antecedência, incentivados a fazer bonito e homenagear a pátria, em uma data que envolvia toda a comunidade, 

Essa prática, no entanto, foi sendo abandonada aos poucos, e hoje acontece em apenas uma escola em Brusque, escolhida previamente pela administração municipal, em uma cerimônia simples, comparada ao que era no passado.

Na história do país, a independência sempre foi usada com um viés político, desde a sua concepção. Apesar do episódio conhecido como “grito da independência”, relatado como ocorrido em 7 de setembro de 1822, às margens do rio Ipiranga, em São Paulo, a data nem sempre foi a utilizada para comemorar a libertação dos domínios de Portugal.

 Que o país possa avançar mais do que as bandeiras ideológicas que tremulam e ameaçam a sua independência

Por um tempo, o aniversário de Dom Pedro I, 12 de outubro, era o dia em que se celebrava a independência. Data que coincide também com a sua coroação como imperador do Brasil.

Quando Dom Pedro I começa a ter seu reinado enfraquecido e desgastado, e retorna a Portugal após renunciar ao trono, em 1831, a data que até então o ligava à independência do Brasil, o 12 de outubro, volta a ser substituída pelo 7 de setembro. 

E, na história brasileira, não faltam exemplos, antigos e recentes, de como a utilização política dos símbolos da pátria se torna corriqueira. 

Anos atrás, por questões partidárias, a bandeira vermelha passou a fazer parte das comemorações do 7 de setembro, com a ascensão da esquerda ao poder, em detrimento das tradicionais cores verde e amarela. Cores que se viam apenas em regimes comunistas, como a China e a Coreia do Norte, agora estavam dispostas no desfile na esplanada, em Brasília.

Depois que a esquerda deixou o poder no Brasil, o vermelho também se desvaneceu dos atos em comemoração ao aniversário da independência. Nos últimos anos, com a ascensão da direita, os desfiles cívicos foram retomados como símbolos dos valores conservadores, como família, trabalho, liberdade e democracia.

Atualmente, há um movimento para tentar atrelar o verde, o amarelo e o azul que representam o Brasil a um ideal político-partidário, tentando incutir a ideia de que os símbolos do patriotismo são também a marca de um grupo político específico.

De qualquer forma, esperamos que o Brasil, que já sofreu tanto com suas crises políticas e econômicas, possa de fato ser um país independente, unido em prol de um desenvolvimento sustentável e qualidade de vida. Que o país possa avançar mais do que as bandeiras ideológicas que tremulam e ameaçam a sua independência.