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Editorial: Infraestrutura em xeque

A queda de uma pedra gigante na BR-101 na altura do Morro dos Cavalos, em Palhoça, no último domingo, 14, que causou um afundamento de pista, colocou mais uma vez em evidência a fragilidade da infraestrutura catarinense. O trânsito ficou interrompido totalmente por 50 horas e até hoje os reflexos são sentidos. Congestionamentos quilométricos foram […]

A queda de uma pedra gigante na BR-101 na altura do Morro dos Cavalos, em Palhoça, no último domingo, 14, que causou um afundamento de pista, colocou mais uma vez em evidência a fragilidade da infraestrutura catarinense. O trânsito ficou interrompido totalmente por 50 horas e até hoje os reflexos são sentidos.

Congestionamentos quilométricos foram registrados, atrapalhando o fluxo de circulação da economia de Santa Catarina – até mesmo o jornal O Município, que imprime suas edições em uma gráfica de Criciúma, a melhor do estado para impressão de jornais, não circulou por dois dias -, e também de empresas do Sul e de outras regiões brasileiras, já que a BR-101 corta todo o país. A rota alternativa de quem precisa passar pelo trecho mais do que duplica o tempo de viagem, inviabilizando ou encarecendo muito a logística.

Esse episódio teve um reflexo muito grande nas autoridades empresariais e políticas catarinenses e provou novamente que o estado não está preparado para lidar com intempéries do tempo, que cada vez mais são frequentes, além de evidenciar a falta de planejamento, que é histórica.

Para citar apenas episódios recentes, poucos meses atrás, em fevereiro, uma cratera se abriu na BR-470, em Rio do Sul, e obrigou distribuidoras do Litoral a aumentar preços para compensar perdas, encarecendo insumos ao consumidor. Já no fim do ano passado, com as chuvas fortes de outubro e novembro, rodovias em dezenas de cidades foram bloqueadas total ou parcialmente, como a BR-101 em Araranguá, a BR-280 em Araquari, e a BR-470 em Apiúna e São Cristóvão do Sul.

É evidente a necessidade de rever o modal logístico catarinense e propor alternativas, como destacou o presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar. “Não podemos mais permitir que situações como essa atrasem o nosso desenvolvimento e prejudiquem nossa economia, saúde e segurança”.

No caso específico do trecho do Morro dos Cavalos, um projeto para construção de túneis, que atualmente está orçado em cerca de R$ 1 bilhão, está engavetado há mais de uma década. A questão indígena, usada muitas vezes como muleta para atrasar a obra, parece não ser mais um obstáculo, já que a própria Funai se mostrou favorável com a contrapartida de que haja uma demarcação de território para o povo originário. O Ministério dos Transportes já afirmou que não há previsão para essa obra, e outra alternativa seria um acordo com a Arteris, empresa concessionária da rodovia, mas a construção dessa estrutura parece um sonho muito distante.

Depender de um caminho apenas é absurdo para um estado como o nosso. Santa Catarina está sujeita a intempéries do tempo que aconteceram, acontecem e, sem nenhuma dúvida, voltarão a acontecer. É extremamente previsível, mas, sem alternativas, a cada novo episódio, a pujante economia do estado, que resiste e cresce mesmo em condições adversas, sofre. Neste momento, é crucial que as lideranças se mobilizem para que essa não seja mais uma discussão que só volta à tona apenas quando uma nova pedra gigante desmoronar. Ou algo pior acontecer.