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Editorial: lixo nosso de cada dia

  Nesta semana, chamou bastante atenção a notícia de que mutirão realizado pela Prefeitura de Brusque recolheu toneladas de lixo seco (não orgânico) nos bairros Guarani e Rio Branco. A notícia não seria tão incomum, não fosse a quantidade: 90 toneladas foram retiradas das ruas e residências nesses dois bairros. Essa ação se juntou a […]

 

Nesta semana, chamou bastante atenção a notícia de que mutirão realizado pela Prefeitura de Brusque recolheu toneladas de lixo seco (não orgânico) nos bairros Guarani e Rio Branco. A notícia não seria tão incomum, não fosse a quantidade: 90 toneladas foram retiradas das ruas e residências nesses dois bairros.

Essa ação se juntou a outra feita no início de julho, desta vez no bairro Santa Rita, culminou no recolhimento de nada menos do que 70 toneladas de lixo. Os itens são os mais variados, desde entulhos até móveis e eletrodomésticos.

Números tão altos podem até gerar a impressão de que está errado, mas é a mais pura realidade: em nossa cidade, a quantidade de lixo produzida é alta, e essa realidade precisa mudar. Os números contabilizados pelas equipes de recolhimento são inacreditáveis e inaceitáveis.

Afinal, o acúmulo de lixo, além de ter efeitos sobre o bem-estar e a limpeza da cidade, prejudica nossa saúde de forma generalizada. Naturalmente, a existência de entulhos e materiais depositados nas ruas já é um fator de preocupação, pela característica de atrair roedores e outros animais que transmitem doenças. 

No entanto, a situação se agrava à medida que estamos passando por uma grave epidemia de dengue, iniciada em meados de abril e que agora começa a dar sinais de arrefecimento. O lixo depositado nos quintais e até mesmo nas ruas pode acumular água parada, e se tornar criadouro ideal para o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e outras doenças. Esse comportamento, na prática, ajudou a agravar a situação da epidemia no município.

Nesse sentido, a Vigilância Epidemiológica vem trabalhando em mutirões e ações que fomentem o recolhimento dos entulhos. Porém, ainda sem sucesso, devido à falta de conscientização.

É espantoso saber a quantidade de lixo recolhida nos mutirões, pelo fato de que Brusque tem alternativas para o descarte ideal

A própria população, aliás, tem papel fundamental para mudar esse cenário de acúmulo indiscriminado de lixo. Aqui no jornal O Município, por exemplo, publicamos neste ano alguns casos de acúmulo de resíduos que foram descobertos por meio de denúncias de vizinhos.

Em um deles, em abril, moradores denunciaram um vizinho que estava acumulando grande quantidade de lixo no pátio de sua residência. Outro caso, denunciado também por vizinhos, tratava-se de um morador que estava despejando lixo na calçada.

É espantoso saber a quantidade de lixo recolhida nos mutirões, também pelo fato de que Brusque tem alternativas para o descarte ideal. Há a coleta seletiva efetuada regularmente pela empresa concessionária. Há pontos de recolhimento para lixo eletrônico (ecopontos) em funcionamento esporadicamente. 

Ainda assim, volta e meia nos deparamos com notícias de lixo jogado a céu aberto, uma realidade que é absurda, considerando as possibilidades que o município tem que dar o destino correto ao lixo produzido pelos seus moradores. 

Como sociedade, precisamos refletir e repensar essa realidade. Queremos uma cidade em que haja lixo jogado em qualquer esquina? Que permita o acúmulo de entulhos em quintais, parques e ruas? Ou pretendemos ser um município que recolhe, separa e dá tratamento adequado aos resíduos produzidos. 

É um problema ainda não resolvido, e que necessita que cada um faça a sua parte, desde cuidar da sua própria casa até fazer denúncias quando notar que alguém desrespeita as normas. É isso ou acostumarmos a toneladas de lixo serem retiradas das ruas de uma vez só, o que não é nem próximo de uma situação razoável.