Editorial: Manifestações e finados
O feriado de Finados na quarta feira teve um tom diferente em Brusque e em várias cidades. Juntos com as celebrações religiosas e as visitas aos cemitérios tivemos também grandes manifestações em apoio ao presidente Bolsonaro. Ao contrário do bloqueio nas estradas, a manifestação de quarta foi em frente ao Tiro de Guerra. Foi um […]
O feriado de Finados na quarta feira teve um tom diferente em Brusque e em várias cidades. Juntos com as celebrações religiosas e as visitas aos cemitérios tivemos também grandes manifestações em apoio ao presidente Bolsonaro.
Ao contrário do bloqueio nas estradas, a manifestação de quarta foi em frente ao Tiro de Guerra. Foi um ato pacífico que levou milhares de pessoas a vestirem o verde amarelo e externar sua indignação pelos resultados da eleição, conforme publicamos em nossas edições impressas e digitais.
Este sentimento que levou tantas pessoas às ruas começou logo após a eleição, e pelas mãos de alguns, se transformou em bloqueio nas rodovias. Com a decisão na terça-feira do STF de ratificar a decisão do ministro Alexandre de Moraes, as pistas foram sendo liberadas e os quartéis se tornaram o novo ponto de concentração no feriado.
O grande contingente de pessoas não chegou a ser surpresa, afinal Brusque é uma das cidades mais bolsonaristas do Brasil. Por aqui o presidente recebeu 86,8% dos votos válidos na eleição de 2018 e 78,6% neste ano, mostrando que a cidade está afinada com as pautas de direita.
Tivemos eleições e foi proclamado um novo presidente. Ele já foi reconhecido pelas principais autoridades e apoiar uma ruptura seria um desastre ainda maior para o Brasil
Estas manifestações têm algumas características peculiares, como por exemplo a espontaneidade. Não há uma coordenação, uma liderança que esteja organizando isso de forma estruturada. Também não há uma pauta clara de reivindicação e sim uma motivação de revolta, de inconformidade.
Mas vivemos em uma democracia. Tivemos eleições e foi proclamado um novo presidente. Ele já foi reconhecido pelas principais autoridades brasileiras e internacionais e apoiar uma ruptura seria um desastre ainda maior para o Brasil.
A manifestação de quarta é uma missa para convertidos, não vai mudar em nada a opinião das autoridades e nem alterar o resultado da eleição. Mas pode ser uma importante arma de acompanhamento e fiscalização do novo governo para que, sob pressão popular, não cometa os mesmos erros e escândalos de outros mandatos. Afinal, a partir destes movimentos populares já se colocou um presidente na cadeia, motivou a renúncia de outro e o impeachment de uma “presidenta”.
Assim, a manifestação de quarta teve um duplo sentido. Do ponto de vista religioso, a Igreja Católica celebrou o Dia de Finados, lembrando dos mortos e rezando pela salvação daqueles que estão no “purgatório”.
Do ponto de vista político, lembramos daquele que perdeu e rezamos para que o presidente eleito não nos jogue no purgatório de novo.
Queremos que o Brasil seja sempre um país de liberdade, para continuar a podermos nos manifestar, tanto na política quanto na religião. Que consiga continuar no trilho do desenvolvimento e da livre iniciativa. E que trate com dignidade e honestidade nosso querido país.