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Editorial: o brilho da Fenarreco

O jornal abriu a semana com uma matéria de capa sobre a Fenarreco. Como destaque, o público de mais de 30 mil pessoas e a adesão à campanha dos copos biodegradáveis. A festa está na sua 34ª edição e faz parte do calendário de eventos da cidade.  Como é uma festa que busca as raízes […]

O jornal abriu a semana com uma matéria de capa sobre a Fenarreco. Como destaque, o público de mais de 30 mil pessoas e a adesão à campanha dos copos biodegradáveis. A festa está na sua 34ª edição e faz parte do calendário de eventos da cidade. 

Como é uma festa que busca as raízes de nossa cultura, principalmente alemã, a questão que fica é quão profundas estão estas raízes em nossa cultura. Vivemos realmente uma cultura alemã na cidade ou estamos simulando algo que não praticamos?

Este questionamento vem à tona com a discussão em torno da falta de decoração por parte do poder público na cidade, tema que foi inclusive discutido na reunião da Câmara de Vereadores nesta semana, conforme publicamos em nossa edição de quarta-feira. 

Na oportunidade os vereadores Tuta, Gerson Morelli e Marcos Deichmann criticaram a ausência de decoração e a falta de sonorização no desfile. Em contraponto, o líder do governo na Câmara, Alessandro Simas, alega que a prefeitura decidiu concentrar os investimentos no pavilhão e emendou afirmando que a falta de decoração não tirou o brilho da festa. 

O centro da questão, independente da decoração, está mesmo em saber qual é o brilho da festa. Vendemos a ideia de que o turista vai encontrar aqui uma cultura alemã, com seus trajes atraentes, sua culinária farta, suas danças e músicas animadas e claro, muito chope. Mas nossa cultura não é bem assim.

Vivemos realmente uma cultura alemã na cidade ou estamos simulando algo que não praticamos?

Estamos ainda distantes de viver uma cultura alemã. Para constatar isso basta olhar em nosso cotidiano. Você saberia dizer o nome de um grupo de danças folclóricas alemãs de Brusque? Saberia indicar um restaurante que tenha diariamente marreco, Spätzle e salsicha Bockwurst? Saberia o que é uma Lederhousen e onde se compra?

Se temos dificuldade de responder onde está a dança, a música, a culinária e a roupa é porque ainda estamos muito distantes de vivermos esta cultura alemã e talvez por isso não percebemos a necessidade de aderir à festa. 

Afinal não é só a prefeitura que não decorou o centro, basta dar uma volta no comércio para perceber que, ao contrário de cidades vizinhas, há raras iniciativas neste sentido.

Assim, a Fenarreco parece uma festa isolada da cidade, algo que idealizamos como nossa cultura, mas que na verdade esta descolada de nossa realidade, pois daqui a alguns dias a festa termina junto com todas estas manifestações “culturais”.

Para realmente ter brilho a Fenarreco tem que partir de algo genuíno. Tem que ser um trabalho de intensificar a divulgação de nossas origens e cultura, tem que estar em nosso cotidiano, tem que empolgar. 

É claro que o poder público municipal pode ser o grande impulsionador deste processo. Pode começar pela própria gestão da festa, analisando profissionalmente o que deu certo, o que pode ser melhorado. Pode também decorar a cidade e incentivar o comércio a fazer o mesmo. Pode dar o bom exemplo, através do prefeito e do primeiro escalão, a se apresentar a rigor, com trajes típicos, ao menos nos atos oficiais, e assim inspirar outras pessoas a fazerem o mesmo.

Esta aproximação da cultura alemã com a festa é realmente o brilho que falta para que Fenarreco deixe de ser só uma festa do calendário da cidade e passe a se tornar um símbolo, uma identidade forte de nossas origens. 

É um trabalho longo, que exige dedicação e persistência, mas que com certeza vai gerar bons frutos não só em outubro, mas também em todos os meses do ano.