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Editorial: O Centro da Cidade, a Ordem e o Progresso

O Município publicou na sexta-feira passada matéria sobre a solicitação da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e o Sindicato do Comércio Varejista (Sindilojas) de Brusque pedindo ao prefeito Jonas Paegle fiscalização aos lojistas que tem desrespeitado regras de poluição visual e sonora e vendedores ambulantes que circulam pelo Centro do município, principalmente na avenida Cônsul […]

O Município publicou na sexta-feira passada matéria sobre a solicitação da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e o Sindicato do Comércio Varejista (Sindilojas) de Brusque pedindo ao prefeito Jonas Paegle fiscalização aos lojistas que tem desrespeitado regras de poluição visual e sonora e vendedores ambulantes que circulam pelo Centro do município, principalmente na avenida Cônsul Carlos Renaux.

Sobre os ambulantes, os lojistas apontam dois problemas principais: a concorrência desleal e procedências duvidosa dos produtos. Também apontam o excesso de placas e a sua colocação em locais inadequados por parte de alguns lojistas, causando poluição visual e atrapalhando a passagem. A questão  do uso de sistemas de sons para propaganda, inclusive com locutores que incomodam lojistas, funcionários e clientes também foi foco da reivindicação.

O manifesto das entidades é importante e oportuno e traz uma reflexão acerca do tipo de “Centro” que queremos para nossa cidade. Uma fiscalização mais atuante com certeza colocaria ordem na casa, e resgataria um local mais civilizado. É inconcebível que alguém ainda venda literalmente no grito, ou arregimente clientes colocando uma placa com sua promoção no meio da calçada.

O problema não é difícil, mas precisa ser enfrentado e fica mais fácil se tiver o apoio das entidades e poder público, como bem lembrou o presidente do CDL, Fabricio Zen, na entrevista que deu ao jornal O Município esta semana. Na ocasião, Zen falou sobre o caso dos ambulantes de alimentação (cachorrões) que estacionam no centro da cidade e a solução satisfatória que se chegou. Imagina como seria o centro hoje se não houvesse aquela intervenção.

E já que estamos falando desta área principal da cidade, podemos ir um pouco mais longe e não ver somente esta questão de ordem, mas também em sua arquitetura, estrutura e atratividade. Como será nosso centro no futuro? Que atratividades vai ter?

Alguns tabus precisam ser quebrados para esta questão avançar. O primeiro é em relação ao patrimônio histórico. Infelizmente restaram poucas construções antigas e o que ficou está longe de ser uma atração. Então a linha do resgate de um centro histórico parece distante.

Enquanto um plano de futuro para o Centro não acontece, ele vai permanecer assim, com emendas à gosto de quem tem poder e influência para decidir

Outra possibilidade é um centro moderno, com construções arrojadas que transmitam a ideia de desenvolvimento, prosperidade e inovação. Mas se olharmos o perfil das construções nesta área chegamos rapidamente à conclusão que passam longe deste conceito.

Outras ideias também já foram aventadas, como um calçadão tal qual Florianópolis ou Curitiba, que comportasse quiosques, jardins, arejando urbanisticamente esta área central, mas tal ideia enfrenta resistência de lojistas, que ainda pensam que o cliente tem que parar o carro na frente de sua loja, o que já é impossível nos dias de hoje.

O poder público municipal ensaia sua versão de um novo centro com o projeto da nova praça Barão de Schneeburg. O projeto prevê a criação de um grande banco de concreto em S, que contorna e passa pela maior área com grama e vegetação. De acordo com a planta serão implantados 14 mesas com banquetas além de canteiros quadrados e bancos de madeira. A iluminação será de Led e o calçamento será de concreto estampado e paver.

A grande novidade, no entanto, seria a elevação na Cônsul Carlos Renaux na altura da praça, nos moldes do que foi feito em Porto Belo. Mas esta versão teve que ser alterada por pressão de alguns lojistas, que simplesmente não querem.

Assim, o centro de Brusque também anseia por ordem e progresso. E se para a questão de ordem há uma unanimidade por parte das entidades lojistas nos abusos que estão acontecendo, já não se pode afirmar o mesmo para o progresso. Neste caso os conflitos são evidentes e enquanto um plano de futuro para o Centro não acontece, ele vai permanecer assim, com emendas à gosto de quem tem poder e influência para decidir.