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Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

Editorial: O desafio da volta às aulas

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Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

Editorial: O desafio da volta às aulas

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Quem tem filhos em idade escolar sabe muito bem. Antes da pandemia, de tempos em tempos a gurizada aparecia com alguma virose que “pegou na escola”. E, não raro, depois do pequeno ficar gripado a mãe, ou o pai, ou a tia, também gripavam. E a gripe, vocês sabem, é provocada por um vírus. Mesmo organismos maiores, como o piolho e as lêndeas, se espalham com facilidade no ambiente escolar.

Porque, se tem uma coisa que crianças e jovens fazem naturalmente e precisam fazer porque faz parte da sua natureza, é interagir, compartilhar, aglomerar, chegar perto. É verdade que o uso indiscriminado dos celulares reduziu um pouco essa saudável interação, mas não tem como esperar que eles consigam manter, por iniciativa própria, algum distanciamento ou tenham cuidados sanitários que nem os adultos estão conseguindo manter.

Numa pandemia, um dos setores que exige maior atenção e cuidado é o escolar. Mas, basta olhar para o passado AP (antes da pandemia), para ver que a coisa não é fácil. Muitas escolas, AP, tinham problemas sérios. Banheiros com vazamentos, sem funcionar direito, sujos. Salas com goteiras, superlotadas, ambientes pouco arejados. Professores estressados, mal remunerados, muitos deles com formação deficiente. Alunos indisciplinados (talvez porque muitos pais achem que cabe à escola dar-lhes a educação que deveria ser dada em casa) e tantas outras questões que já enchiam a todos de preocupações, mesmo sem a pandemia.

Se é importante que as crianças e jovens voltem às aulas, é ainda mais importante que façam isso com segurança

Com a pandemia e a necessidade de reinventar o ensino e a escola, as dificuldades se agravaram exponencialmente. Administradores que não conseguiam manter banheiros limpos e funcionando, certamente não tiveram agilidade, criatividade ou responsabilidade para se adaptar a tempos de ensino a distância e devem se enrolar para criar condições seguras para atividades presenciais.

Não é tarefa fácil. Nem mesmo para quem tenha começado a pensar e estudar isso desde o começo do ano passado. São inúmeras mudanças, novos procedimentos, formas inovadoras de pensar a pedagogia, uma adaptação radical a ser feita em muito pouco tempo. É verdade que o que está sendo feito em outros países, cujas aulas presenciais já retornaram no ano passado, pode ser usado como parâmetro e os problemas lá encontrados ajudam a evitá-los por aqui. Mas será que o ministério e as secretarias de educação dos estados e municípios estão destinando tempo, esforço, verbas e pessoal suficiente para estudar as melhores práticas?

A comunidade escolar, pais, alunos e demais habitantes da cidade também precisam participar, apontando problemas, ajudando a encontrar o caminho das pedras. Porque, se é importante que as crianças e jovens voltem às aulas, é ainda mais importante que façam isso com segurança, sem correrem o risco de sofrer o trauma gravíssimo de descobrir, um dia, que podem ter sido, involuntariamente, apenas por terem frequentado uma escola insegura, responsáveis pelo adoecimento, sofrimento e eventualmente morte de algum outro membro da família.

Não se trata, por isso, de apenas aliviar a carga das famílias, tirando os jovens de casa por algumas horas, colocando-os num espaço qualquer de convivência. Mas de fazer isso sem criar problemas adicionais. Resolver satisfatoriamente esse enigma não é tarefa para fracos, ou preguiçosos, ou irresponsáveis. É nessas horas que se revelam os verdadeiros profissionais.

 

 

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