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Editorial: O fio da meada

Esta semana os leitores deste nosso O Município ficaram sabendo dos bons resultados, para a comunidade, da Novena de Nossa Senhora Aparecida que 120 festeiros realizaram no Santuário de Azambuja. Além dos alimentos para famílias carentes, foram vendidos mais de sete mil cachorros quentes, cuja renda vai ajudar a repor os fios furtados do Morro […]

Esta semana os leitores deste nosso O Município ficaram sabendo dos bons resultados, para a comunidade, da Novena de Nossa Senhora Aparecida que 120 festeiros realizaram no Santuário de Azambuja. Além dos alimentos para famílias carentes, foram vendidos mais de sete mil cachorros quentes, cuja renda vai ajudar a repor os fios furtados do Morro do Rosário.

Como assim, fios furtados? Por mais que estejamos acostumados a esse tipo de crime, é sempre espantoso quando vemos que ele continua a ser praticado com frequência. E pelo estado afora. Em duas semanas, no final de agosto, ocorreram três furtos de fios da iluminação cênica da recém-reformada ponte Hercílio Luz, em Florianópolis.

Claro, esse é o tipo de crime que só existe porque é fácil encontrar receptadores, que compram e pagam bem pelo fio roubado.

Trata-se de uma rede e não é impossível que, em alguns casos, o bandidinho peão tenha agido por encomenda do bandidão chefe. Prender a “equipe de campo” não resolve muita coisa, se não se chegar aos mentores intelectuais e econômicos nem se conseguir, de alguma forma, reduzir a demanda.

Ainda bem que, enquanto isso, ainda existe gente solidária que tenta consertar o dano causado. No caso de Azambuja, com um meritório esforço comunitário. No caso da ponte de Florianópolis, contudo, com novas injeções de dinheiro público (a reconstrução da ponte já consumiu cerca de R$ 480 milhões).

O fato é que, a todo momento, em em muitas situações, sempre existe quem queira “tirar vantagem” e não se importe, para isso, em violar a lei. E, tal como os portadores assintomáticos do vírus, os criminosos da vida real não se diferenciam dos honestos. Em nada.

Todas as tentativas, ao longo do tempo, de atribuir a determinada etnia ou classe social a “aptidão” para isso ou aquilo, revelaram-se odiosamente inócuas e injustas.

É preciso, por isso, ter discernimento, cuidado e investigar com atenção o caminho do dinheiro, quem rouba, quem compra e como se dá essa logística criminosa. Exatamente da mesma maneira como deveríamos fazer nossas escolhas em eleições municipais, estaduais e federais.

Discernimento, cuidado e atenção: por que transformam nosso voto em moeda de troca? Quem “compra” e quem “vende”?

Discernimento, cuidado e atenção: por que transformam nosso voto em moeda de troca? Quem “compra” e quem “vende”?

A serviço de quem está o vereador que, depois de eleito, vota em projetos e propostas que prejudicam a maioria dos seus eleitores e beneficiam algum apoiador oculto?

Com que propósito vereadores e deputados, que deveriam fiscalizar o executivo, “passam pano” em irregularidades, silenciam ou até negam o que é flagrantemente criminoso?

Nosso voto é um reluzente fio de cobre que renovamos, de tempos em tempos, para continuar iluminando essa busca coletiva pelo bem estar e pelo progresso da nossa região.

Há, felizmente, quem trate essa doação como o que de fato é: um bem precioso, útil e necessário. Mas é preciso abrir o olho com os que entregam para receptadores sem escrúpulos e usam o mandato para, nas sombras da noite, obter vantagens pessoais e para sua rede de influência e corrupção.

O prejuízo nos atinge a todos. E sempre exige bem mais que a venda solidária de cachorros quentes, para remediar o mal que esses traficantes de votos causam.