Editorial: O novo grande do futebol catarinense
Depois que a Chapecoense se firmou entre os grandes do futebol catarinense, tornando o quarteto de Figueirense, Avaí, Criciúma e Joinville um quinteto, pode-se dizer que outros clubes tentaram se consolidar nesta elite. Quem concorreu com a Chape pelo posto foi o Metropolitano, batendo na trave por um acesso à Série C em 2011. Depois veio o Inter de Lages e o Tubarão, ambos sem sucesso. Nestas disputas, talvez poucos apostassem no Brusque, um time sem estrutura do interior de Santa Catarina.
Apenas seis clubes catarinenses chegaram a uma Série B no formato atual (de 20 clubes e de pontos corridos) o grupo dos cinco grandes e agora, O Brusque. Nosso time tem título catarinense, tem título nacional, venceu grandes times do futebol brasileiro e agora conquistou o acesso a Série B do Campeonato Brasileiro. Se tornou um dos grandes.
Criciúma e Joinville, com histórias vitoriosas e outrora potências arrasadoras, estão longe de seus melhores dias. O Tigre quase caiu para a Série D, o JEC amarga a Série D novamente. O Figueirense ainda luta arduamente para permanecer na Série B. Neste cenário O Brusque será um dos três ou quatro clubes catarinenses nas duas primeiras divisões. Isto é imenso.
O time tem títulos, tem grandes campanhas, e é grande por todas suas merecidas conquistas. Mas se existe algo que o quadricolor não possui é estrutura. Sem estádio, sem sede e sem centro de treinamentos próprios, sem categorias de base fortes e consolidadas. Temos praticamente a mesma estrutura de vários anos passados após a anulação da fusão entre Carlos Renaux e Paysandú e ainda assim, o Brusque fez o que fez, e faz o que faz. Qual outro clube faz tanto com tão pouco? Raríssimos.
Aliás, nunca temos a real noção do peso destes momentos históricos quando estamos vivendo-os. Esta percepção só acontece com o passar dos anos
Em 2015, o Marreco conquistou o retorno à Série A do Catarinense, após um início de década mais que conturbado. O ano de 2016 foi para se restabelecer, voltando a disputar a Série D do Brasileiro, competição da qual estava ausente desde 2011. Em 2017, uma ótima campanha no estadual e o 1º de março histórico contra o Corinthians.
Em 2018, em uma temporada um tanto abaixo das expectativas, o Brusque ainda conseguiu o título da Copa Santa Catarina. O Catarinense de 2019 não foi bom, mas na sequência, vem a Série D, que muda tudo. Acesso, título em Manaus com público-recorde na Arena da Amazônia e outro título da Copa SC.
E se parecia que não podia ser melhor, foi. Muito melhor. Na temporada 2020, o Brusque vence o Avaí pela Recopa em plena Ressacada, volta a uma final do Catarinense, faz uma linda campanha na Copa do Brasil e consegue subir à Série B do Campeonato Brasileiro. Um acesso conquistado após uma virada excelente, vindo de uma sequência terrível, com diversos problemas. Mas Brusque cresceu no momento mais necessário e foi o time que vem encantando o Brasil com esta sua Geração de Ouro. Somos privilegiados de viver este momento histórico.
Aliás, nunca temos a real noção do peso destes momentos históricos quando estamos vivendo-os. Esta percepção só acontece com o passar dos anos. O elenco, comissão técnica e diretoria com certeza será marcada de forma indelével por estas lembranças, por estas conquistas. Nossos jogadores viraram ídolos e ajudaram a escrever esta bonita história, que encanta e apaixona a cidade.
Para a temporada 2021, o Brusque precisa construir o que ainda não tem e encarar desafios totalmente novos. Na Série B, Precisará de muito mais trabalho para manter o que vem construindo ao longo dos anos. Será um desafio enorme. Mas, depois de tudo que já vimos, fica difícil duvidar do Brusque Futebol Clube, o novo grande de Santa Catarina.