Editorial: O preço da corrupção
Na edição de hoje, publicamos uma matéria de capa que trata dos mais de R$ 27 milhões que a Prefeitura de Brusque terá que pagar à União, em virtude de irregularidades na aplicação de recursos federais nas obras da avenida Beira Rio, durante a gestão do ex-prefeito Ciro Roza.
Conforme a reportagem, houve mau uso dos recursos repassados em convênio pelo Ministério da Integração Nacional no início dos anos 2000, para a execução de obras de prolongamento do canal extravasor do rio Itajaí-Mirim. A decisão, transitada em julgado, cita ainda direcionamento de licitação e superfaturamento nas obras.
Não é a primeira vez que abordamos esse assunto. Devido à grandiosidade dos valores a serem bancados pelo contribuinte, as etapas processuais que culminaram na execução desta dívida milionária tem sido acompanhadas de perto pelo jornal O Município.
Novamente, uma herança do passado vem para assombrar os moradores de Brusque. Uma irresponsabilidade do gestor do passado gera um passivo para os cofres públicos e um grande problema na mão dos gestores do presente.
Uma irresponsabilidade do gestor do passado gera um passivo para os cofres públicos e um grande problema na mão dos gestores do presente
Esse custo ainda se soma ao que já foi despendido pelo contribuinte ao longo dos anos. Na época da execução dos serviços, os moradores de Brusque pagaram caro pela obra, que consumiu milhões de reais dos cofres públicos. E agora, além do preço da obra em si, têm que pagar também o preço da corrupção.
Comprovadamente, foram desviados recursos durante a execução do convênio Conforme a sentença, a qual não cabe mais recurso, a aplicação do dinheiro não foi correta e a conta está na mesa do município. Esse tipo de conduta atrapalha a gestão municipal, compromete o orçamento que iria para saúde, educação e outros setores, e que precisará ser empregado para pagar o custo do desvio.
E o mais absurdo é que o responsável está impune. Segue a vida normalmente, com seus encontros políticos, postagens nas redes sociais e, a cada eleição, aparece com a mesma receita pronta e requentada para a “salvação” da cidade, sem ligar para o fato de que são justamente as irregularidades em suas gestões que têm o impedido de concorrer nos últimos pleitos.
Com isso, parece que a Justiça não alcança alguns tipos de pessoas. Nem do ponto de vista cível, para cobrança e reparação dos danos perpetrados aos cofres públicos, tampouco criminal, já que, teoricamente, com uma condenação por mau uso dos recursos públicos, o cidadão deveria cumprir pena de prisão.
Uma pessoa comum que rouba ou desvia algo para si, em qualquer hipótese, se condenada, vai presa. Por outro lado, um gestor que comprovadamente desvia vultosos recursos destinados a obras públicas segue sua vida normalmente.
Então, infelizmente estamos vivendo mais um triste capítulo na história política da nossa cidade, em que gestores públicos deixam um passivo gigantesco, uma herança maldita que vem assombrar a população neste momento.