Editorial: Obra pela metade e fé
O vice-prefeito de Brusque, Ari Vequi, definiu o projeto de engenharia da duplicação da rodovia Ivo Silveira (SC-108) como uma obra pela metade, por não incluir o trecho urbano de Brusque. Assim, a duplicação vai somente até a rotatória que dá acesso à Sociedade Santos Dumont, ao invés de ir até o trevo do Steffen. Este […]
O vice-prefeito de Brusque, Ari Vequi, definiu o projeto de engenharia da duplicação da rodovia Ivo Silveira (SC-108) como uma obra pela metade, por não incluir o trecho urbano de Brusque. Assim, a duplicação vai somente até a rotatória que dá acesso à Sociedade Santos Dumont, ao invés de ir até o trevo do Steffen.
Este assunto foi um dos temas de uma consulta pública realizada na segunda feira, no salão da Igreja Nossa Senhora do Rosário, no bairro Barracão, em Gaspar. A reunião, promovida pelo Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), contou com autoridades e empresários de Brusque, que, apesar da importância do tema, não chegaram a lotar o salão.
Veja também:
Nas últimas três eleições, Brusque conseguiu eleger apenas um candidato à Alesc
Golpe: furtos de cães se tornam motivo de preocupação em Brusque
Como está a situação dos prédios antigos do Besc e dos Correios em Brusque
Estas audiências deveriam servir para apresentar o projeto da nova rodovia e escutar as sugestões da comunidade, a fim de aprimorar o que é possível, deixando o projeto mais moldado às necessidades dos usuários e da comunidade onde será feita a obra.
Mas, por aqui, não é bem assim. O Deinfra já veio com o projeto pronto e não quer mudar apenas com a opinião do pequeno público que apareceu na segunda. A “coisa” é mais para cumprir tabela e legitimar o incompleto projeto.
A sociedade organizada também não pode se isentar e ficar assistindo de camarote este espetáculo. Precisa se unir, participar e pressionar para que esta nova rodovia seja uma obra modelo
Do mesmo mal padeceu a rodovia Antônio Heil, que também teve uma baixa frequência em suas audiências públicas e agora tem sido questionada em relação à execução da obra.
Uma destas manifestações aconteceu na semana passada, no Salão da Igreja São Roque, no bairro Arraial dos Cunhas, em Itajaí, e foi capa de nossa edição do dia 15. Neste dia os moradores dos bairros adjacentes reclamaram do viaduto da Epagri, da sinalização e da disposição e falta de passarelas. As reclamações vêm agora, quando é quase impossível mudar e o improviso começa a surgir.
Neste sentido o prefeito de Itajaí quer se empenhar em colocar travessias elevadas na nova rodovia e aliviar a tensão dos moradores, já que, segundo ele, não há dinheiro agora para construir as passarelas. Desta forma nem se resolve o problema dos moradores, nem se agrada os motoristas, que terão as malditas lombadas em trechos que a lógica era dar fluidez, ao invés de obstáculos, ao trânsito.
Falta maturidade tanto do governo quanto da sociedade civil para ambos os casos. A duplicação da Ivo Silveira é um sonho de décadas, aguardado ansiosamente e não pode ser aprovado assim no afogadilho, ao estilo coronelista, decretando que é assim, incompleto, ou não vai mais dar tempo de aprovar junto ao BID.
A sociedade organizada também não pode se isentar e ficar assistindo de camarote este espetáculo. Precisa se unir, participar e pressionar para que esta nova rodovia seja uma obra modelo, que atenda efetivamente nossa região.
Veja também:
Parque das Esculturas: Ciro Roza e mais três são condenados pelo TCE-SC a pagar multa
Procurando imóveis? Encontre milhares de opções em Brusque e região
Estudante de Blumenau supera limitações físicas para conquistar diploma em Direito
Se nem o governo quer mudar, nem a sociedade organizada participar, resta à população rezar, e neste sentido as duas audiências públicas foram um presságio. Ambas foram feitas nas dependências de igrejas, dando uma ideia de apelo divino.
Assim, o caminho pode ser rezar para São Roque nas intenções de Antonio Heil e para Nossa Senhora do Rosário, nas intenções da Ivo Silveira, para ver se eles intercedam por nós e atendam nossos pedidos com a seguinte oração:
Deinfra nosso, que estais em Florianópolis, santificado seja o vosso trabalho, venham a nós as vossas obras, seja feita a nossa vontade, assim no projeto sem escarcéu. O trabalho de cada dia nos dai hoje, perdoai as nossas desconfianças, assim como nós perdoamos a quem nos tem iludido. E não nos deixai cair em tentação de parar as obras e aditivos. Mas livrai-nos do mal da colocação de lombadas e falta de sinalização. Amém.