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Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

Editorial: A oportunidade perdida

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Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

Editorial: A oportunidade perdida

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Que papelão! Talvez essa definição seja uma das mais precisas e educadas (ainda que levemente grosseira) sobre a atitude do governador do estado, esta semana, na inauguração da duplicação da rodovia Antonio Heil.

Durante muitos anos lideranças de todos os tipos, na política, nas entidades de classe, nas associações de moradores, reivindicaram a duplicação. Que, no trecho de responsabilidade estadual, se arrastou por cinco longos anos. 

Mas, ainda que sem um complemento essencial (o trevo da BR-101), chegou ao fim. Um evento importante para que o governador, que está cai-não-cai, se reencontrasse com a política e prestigiasse as lideranças de municípios da região de Brusque, que lhe deram votação tão expressiva.

Hoje, a partir das 9h, o Tribunal Especial examina e vota, na Assembleia Legislativa, o relatório que pode resultar no afastamento, por 180 dias, do governador e da vice. A solenidade do último dia 19, portanto, pode ter sido a última oportunidade de ambos para demonstrar habilidade política, reconhecimento pela votação obtida nesta região e aglutinar, em torno do atendimento de uma reivindicação mais do que justa, o maior e mais representativo contingente de forças sociais.

Os defensores do afastamento do governador citam, entre aspectos que consideram relevantes nos dois processos de impeachment, o isolamento político, a falta de diálogo, a inabilidade para reunir apoios. 

Sabemos que boa parte dessas lamúrias parte de gente que foi preterida por novos nomes ou que, de alguma forma, não conseguiu trilhar, dentro do governo, os caminhos que estava acostumado, em outras gestões.

Mas, na solenidade da última segunda-feira pudemos ver, ao vivo e a cores, essa inabilidade, essa falta de respeito para com as forças que realmente contribuem para que as melhorias aconteçam. Independentemente do que está ocorrendo nas últimas semanas, na Alesc, a conclusão da duplicação da principal rodovia desta região mereceria, do governador, o cuidado de resgatar a história de lutas que resultou nessa obra. 

E a generosidade de ter, na solenidade, o maior número possível de entidades e pessoas que tiveram papel ativo nessa trajetória. Seria um gesto elevado, digno de um administrador público consciente de suas responsabilidades políticas.

O governador demonstrou desinteresse e desconhecimento também sobre os trâmites para a construção do trevo com a BR-101

Entretanto, o que se viu foi uma atitude mesquinha de um administrador que perdeu o bonde da História. E, para complementar a desastrada (e, de certa forma inútil) aparição às margens da rodovia, demonstrou desinteresse e desconhecimento também sobre os trâmites para a construção do trevo com a BR-101. 

Deixou como uma promessa vaga e mal elaborada de estudos futuros o que poderia ter sido um anúncio concreto: que o governo pagaria as desapropriações e que estava assinando a ordem de serviço para execução da obra.

Os candidatos e candidatas a vereadores e prefeitos da região precisam ver esse episódio como uma aula do que não fazer em política. Nenhuma obra pública surge do nada e é executada e terminada sem a participação de muita gente. Da reivindicação inicial à inauguração, são muitas as forças envolvidas. Respeitar essas forças é a essência da atividade política.

De fato, o que o governador (acompanhado da sua vice) fez foi, sem dúvida, um papelão.

 

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