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Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

Editorial: Os atletas que podemos ser

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Os atletas de alto desempenho, como esses que a gente vê brilhar nas olimpíadas e nas paralimpíadas, um dia foram crianças e jovens como tantos outros. E, num determinado momento das suas vidas, encontraram o ambiente que lhes permitiu desenvolver seus talentos e transformar o que era só uma brincadeira, numa atividade esportiva regular.

E não existe mistério ou milagre nas histórias de sucesso que nos emocionam. Existe, claro, muito trabalho, dedicação e esforço. No esporte, como nas demais atividades humanas, nada que valha a pena é obtido facilmente. Nada cai do céu.

Vamos observar o ambiente que permitiu o surgimento de uma medalhista olímpica, nascida e criada aqui em Nova Trento. Quando Rosamaria Montibeller era criança e se divertia brincando com as amiguinhas havia, na cidade, um projeto chamado Voleibol Nova Trento e uma treinadora empolgada, a Vandeca (Vandelina Tomasoni Ribeiro). Muitas meninas aprenderam a jogar vôlei ali. 

A dedicação e a força de vontade de cada atleta precisa de vários “nutrientes” fornecidos pela sociedade em que ele vive

Mesmo que nem todo mundo queira ou possa levar adiante uma vida no esporte, é muito importante ter, à disposição dos jovens (e dos bem jovens), espaços e programas que estimulem essas atividades. São saudáveis para o corpo e para criar espírito de equipe, desenvolver o companheirismo e testar seus limites.

Quem se sentir à vontade, continua, quem preferir fazer outras coisas certamente levará na bagagem essas vivências. O caso de Nova Trento é bem interessante. O fundamento sólido fornecido ali permitiu que várias atletas, além da Rosamaria, estejam hoje jogando profissionalmente em vários times do Brasil e de outros países, como Itália, Portugal, Eslováquia, Peru e Espanha.

O Projeto Voleibol Nova Trento foi criado em 1998 pela Vandeca e de lá pra cá cresceu e se firmou, ganhou nome nacional e hoje é respeitado internacionalmente por sua excelência na formação de jogadoras de vôlei. E, não por acaso, esse e vários outros projetos esportivos catarinenses, por sua vez, nasceram estimulados pelo ambiente desenvolvido pelos Jogos Abertos de Santa Catarina, pelos Jogos Estudantis, pelos Joguinhos Abertos e pela Olimpíada Escolar.

Ou seja, a dedicação e a força de vontade de cada atleta precisa de vários “nutrientes” fornecidos pela sociedade em que ele vive. Não são coisas excepcionais, ou muito caras, mas são gestos, eventos e estruturas que demonstram a disposição daquela comunidade em valorizar o desenvolvimento saudável de seus jovens. As vitórias, ao longo do tempo, não são o objetivo principal, mas o coroamento desse esforço. As derrotas, informação importante sobre o que falta desenvolver e quais os limites que precisam ser encarados.

O esporte, mais ou menos como o saneamento básico, é um investimento que nem sempre tem muitos defensores nas prefeituras. Não aparece na mídia o tempo todo, às vezes demora para apresentar resultados (a formação de um atleta de alto desempenho pode levar uma década ou mais) e nem todos os dirigentes municipais e vereadores têm interesse e cultura suficientes para entender o alcance social e humano desses projetos. Mas é preciso pensar e pensar muito nisso tudo. Não só em termos de medalhas olímpicas, mas principalmente em termos de uma comunidade sadia, solidária e motivada.

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