Editorial: A PRF a serviço da corporação
O assunto da semana foi o acidente na BR-470 e seus desdobramentos envolvendo o Jaguar dirigido por Evanio Wylyan Prestini, que vitimou duas jovens no último sábado, 23. O acidente gerou revolta na população, pelo fato do motorista estar embriagado e pela falta de ação da Polícia Rodoviária Federal, que foi avisada das manobras perigosas […]
O assunto da semana foi o acidente na BR-470 e seus desdobramentos envolvendo o Jaguar dirigido por Evanio Wylyan Prestini, que vitimou duas jovens no último sábado, 23.
O acidente gerou revolta na população, pelo fato do motorista estar embriagado e pela falta de ação da Polícia Rodoviária Federal, que foi avisada das manobras perigosas de Prestini, mas não tomou providências, conforme publicamos aqui no jornal O Município.
Além do vídeo da ligação que Silvio Banbinetti fez para a PRF avisando que o Jaguar estava ziguezagueando na pista, na quarta-feira foi divulgado um outro vídeo de uma empresa localizada às margens da BR-470, que flagrou a passagem do Jaguar F-Pace às 5h53 de sábado, confirmando assim que o veículo passou, em velocidade acima do normal, pelo posto policial.
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É repudiável a atitude do motorista que dirige embriagado e causa este tipo de tragédia, mas é mais condenável ainda a atitude da PRF que poderia ter evitado o acidente.
Em defesa, a nota da PRF alega que os veículos não passam na frente da Posto de Fiscalização de Blumenau porque entram em direção à cidade. Alegam também que a placa informada não batia com as características do veículo e que a ligação poderia ser um trote. Todas as justificativas são lamentáveis e dão o tom de como o assunto será conduzido pela instituição.
Até a notícia de que a corregedoria da PRF foi a Indaial para ouvir Bambinetti poderia soar positiva, mas tem tudo para ser mais uma manobra de intimidação de quem tem poder e não quer ver a verdade revelada, como já aconteceu, inclusive, aqui em Brusque.
Não se pode esconder aqueles que foram negligentes no manto do corporativismo
Outro fato que chamou a atenção foram os vários depoimentos postados nas redes sociais falando de outras denúncias que foram negligenciadas. Assim, não é primeira vez que uma denúncia não é investigada, a diferença é que no caso do Jaguar houve uma filmagem e o infrator comprovou a ineficiência da Polícia Rodoviária Federal em lidar com estes casos.
As instituições, principalmente de segurança, não podem se calar diante de tantas evidências. Não se pode esconder aqueles que foram negligentes no manto do corporativismo.
A PRF precisa lembrar de sua missão, que está no seu portal, que é “garantir segurança com cidadania nas rodovias federais e nas áreas de interesse da União”, mesmo em Blumenau, num sábado de madrugada.
Neste episódio, também está agindo longe de sua visão de “ser reconhecida pela sociedade brasileira por sua excelência e efetividade no trabalho policial e pela indução de políticas públicas de segurança e cidadania”.
Basta ver os comentários postados nos sites e redes sociais para ver que este reconhecimento foi por água abaixo e que hoje ela tem muito mais uma imagem de aplicadora de multas do que geradora de segurança.
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Seus valores institucionais de “profissionalismo, honestidade, transparência” estão mais uma vez sendo colocados a prova com resultados frustrantes.
O superintendente, Jean Coelho, vai ter que decidir se a missão, visão e valores da PRF são só palavras bonitas ou se refletem em ações. O corregedor, Hermes de Lima Santos Neto, precisa mostrar se está do lado do cidadão ou do negligente. A sociedade e os bons policiais com certeza anseiam por uma atuação contundente do comando.
Esperamos que tanto Prestini quanto os policiais envolvidos sejam punidos exemplarmente, afinal só tem sentido a PRF existir para proteger o cidadão e não a corporação. Vamos aguardar os próximos capítulos e ver aonde vão parar essas investigações.