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Editorial: Quem, ou o quê poderá nos proteger?

Tem um aspecto, nessa discussão sobre acidentes e como evitá-los em avenidas e ruas urbanas, que é pouco mencionado. A primeira reação de quem teme, com toda razão, motoristas e motociclistas que trafegam em excesso de velocidade e com direção perigosa, é estabelecer obstáculos físicos: a lombada é a “solução” mais comum. “Lombada” eletrônica, com […]

Tem um aspecto, nessa discussão sobre acidentes e como evitá-los em avenidas e ruas urbanas, que é pouco mencionado. A primeira reação de quem teme, com toda razão, motoristas e motociclistas que trafegam em excesso de velocidade e com direção perigosa, é estabelecer obstáculos físicos: a lombada é a “solução” mais comum. “Lombada” eletrônica, com o registro da velocidade e a consequente multa, também é recurso defensivo em que muitos pensam.

No caso específico da Beira Rio, em Brusque, instalar alguma separação física entre a pista e a calçada de pedestres (e a barranca do rio) também é uma forma de prevenir acidentes (como vários dos que já aconteceram) e dar proteção a quem caminha, pedala ou corre naquela avenida.

Esses equipamentos podem ser úteis e importantes, com maiores ou menores vantagens, mas não atacam o problema principal: a falta de educação para o trânsito. Ou, como poderíamos dizer de forma mais clara: a falta de educação.

A frequência e a forma com que condutores de veículos ignoram as placas de sinalização, a facilidade com que ultrapassam limites de velocidade e até mesmo os limites de segurança dos seus veículos, é uma das principais causas de vivermos essa absurda tragédia que são as estatísticas de acidentes de trânsito.

O fato de não termos, desde o ensino fundamental, noções sobre o trânsito, sobre como se comportar nas vias públicas, seja como pedestre, seja como ciclista, ou dirigindo veículos automotores, mostra bem o pouco caso com que essa disciplina é tratada pela sociedade como um todo.

É suficiente ter algumas aulas na autoescola, decorar algumas informações para passar num teste relativamente fácil. E pronto, sai mais um cidadão ou uma cidadã armada com seu veículo, pelas ruas, avenidas e estradas. Parece ser mais importante conferir se a pessoa consegue estacionar numa vaga apertada, do que se ela conhece a responsabilidade e os riscos que estão incluídos na condução de um veículo.

Equipamentos podem ser úteis e importantes, com maiores ou menores vantagens, mas não atacam o problema principal: a falta de educação para o trânsito

Aos brasileiros, uma coisa muito incompreensível é aquilo que acontece em outros países, como nos Estados Unidos, em que, ao chegar a uma placa de pare, num cruzamento, mesmo que não venha ninguém nas outras vias e não tenha nenhum policial nas redondezas, o motorista para. Por uns três segundos, mas para.

Isso permite a eliminação de sinaleiras em vários cruzamentos: todos param e vão prosseguindo pela ordem de chegada. Parece inimaginável? E é mesmo: por aqui as placas de pare, de velocidade máxima, de reduza velocidade não significam nada. O motorista e a motorista as ignoram na certeza da impunidade e da escassez de fiscalização.

Enquanto não se consegue melhorar esse “estado de coisas”, talvez seja importante tomar medidas simples em algumas vias onde o problema está mais evidente: uma proteção física que impeça que os veículos (em velocidade, ou por causa de algum defeito mecânico, ou porque o motorista se perdeu por algum motivo) invadam a calçada de pedestres e caiam no rio.

O “guard-rail” protegeria quem caminha pela calçada e protegeria também os ocupantes do veículo ao evitar que despenquem na barranca do rio.