Editorial – Rio: lixão ou preciosidade?
Nesta quarta-feira foi celebrado o Dia Mundial da Água, e aqui no jornal O Município publicamos reportagem especial sobre as cachoeiras existentes em Brusque, algumas com acesso liberado ao público, outras que somente podem ser admiradas a distância.
Outros veículos de comunicação também abordaram o tema, e essa questão foi um dos assuntos centrais da discussão durante a semana, sobretudo devido a outro acontecimento relacionado à água que se sobressaiu no noticiário.
Na véspera do Dia da Água, moradores trouxeram novamente denúncias de poluição no rio Itajaí-Mirim, que amanheceu com uma coloração escurecida, claramente proveniente do despejo irregular de efluentes em seu leito.
Não é a primeira vez que isso acontece, nem a segunda ou a terceira. Trata-se de uma situação constante, que persiste sem qualquer ação para coibi-la.Tem-se a impressão de que, para as autoridades ambientais de Brusque, poluir o rio é um pecado aceitável.
Tem-se a impressão de que, para as autoridades ambientais de Brusque, poluir o rio é um pecado aceitável
Atualmente, qualquer permissão na área ambiental exige que se vença uma série de questões burocráticas. Laudos, estudos e diagnósticos são exigidos o tempo todo, em uma série de instâncias, para qualquer solicitação que seja feita aos órgãos públicos. Mas poluir o rio é aceitável, não há controle, punição ou ação restritiva.
Não se vê nenhuma ação efetiva por parte das autoridades para que esse tipo de prática seja erradicada. Atualmente, o órgão ambiental alega que sequer consegue identificar a origem, quando, na verdade, não é muito dificil identificar os suspeitos, dependendo do ponto de descarte.
A impressão que se tem é que em Brusque não há interesse das autoridades em identificar a origem da poluição e punir os culpados.
Esse assunto já foi abordado em várias matérias e editoriais do jornal O Município. O rio é visto por muitas pessoas como um depositório daquilo que a população e as empresas querem descartar. Móveis e outros tipos de lixo são costumeiramente jogados em suas águas. Empresas despejam seus efluentes, como se fosse um aterro particular para se livrar de resíduos indesejáveis.
O rio acaba se tornando um tapete para onde é varrida a sujeira da cidade, quando deveria ser preservado. A água é vital para o desenvolvimento do município, e temos que cuidar do rio como se fosse o bem mais precioso da cidade, tentando preservá-lo de todas as maneiras.
O assunto é repetido, mas temos a obrigação de novamente trazê-lo à tona, chamar a atenção para o tema, mostrar a realidade para que não comemoremos o Dia da Água apenas pela simbologia, mas que possamos ter na data um marco para uma mudança, na qual deixamos de ver o rio como um lixão e passamos a enxergá-lo como uma joia preciosa.