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Editorial: Safadezas em Brusque

A safadeza é uma palavra antiga que significa ato ou expressão imoral, devassidão, vileza, desfaçatez. Esta palavra muitas vezes é usada como adjetivo de políticos e funcionários públicos quando utilizam de sua função para benefício próprio ou corporativo sem levar em conta o bem comum, frustrando e indignando e expectativa popular. Nesta semana o jornal […]

A safadeza é uma palavra antiga que significa ato ou expressão imoral, devassidão, vileza, desfaçatez. Esta palavra muitas vezes é usada como adjetivo de políticos e funcionários públicos quando utilizam de sua função para benefício próprio ou corporativo sem levar em conta o bem comum, frustrando e indignando e expectativa popular.

Nesta semana o jornal publicou matérias todos os dias que tipificam bem esta palavra, mostrando que não são só os grandes figurões de Brasília que merecem tal adjetivo, mas muitos conhecidos nossos também são inclinados a uma safadeza.

Na segunda foi publica a matéria intitulada “Cobrança Coletiva” que trata da reivindicação de melhorias na sinalização da Antônio Heil que partiu de várias entidades e prefeituras de nossa região. Não há uma desfaçatez maior do que executar uma das maiores obras de Santa Catarina não seguindo minimamente uma sinalização, tanto das obras como do tráfego. 

Este assunto é recorrente aqui no jornal e parece que não sensibiliza nem o governo do estado, nem a Prosul, empresa contratada para fiscalizar a obra, nem as empresas que executaram ou estão executando a obra. Um completo descaso em que se descumpre explicitamente as normas de segurança deixando os motoristas à deriva.

Na terça feira, mais uma safadeza, na matéria sobre a “Gratificação irregular” paga a servidores da Câmara de Vereadores de Brusque. No dia 29 de janeiro o Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina acatou a representação feita pelo Ministério Público e julgou irregular a gratificação que chega a 40% para servidores efetivos e comissionados da Câmara de Brusque.

Não podemos achar normal tais atitudes e perdermos o senso do que é certo ou errado, nem silenciar diante de tais absurdos

Além de ilegal é também um benefício imoral, pois os servidores foram contratados para trabalhar na câmara e o ápice da atividade são justamente as sessões. Não faz sentido ganhar uma gratificação a mais por isso. Este benefício já vem sendo pago desde 2009 e passou por cinco presidentes que fizeram vista grossa ao problema, afinal, quem paga esta farra é o contribuinte.

Não satisfeitos com esta possível interrupção do benefício os funcionários agora se mobilizam para propor uma lei na Câmara que permita que eles recebam tal gratificação por ficar até mais tarde nos dias de sessão, tornando legal esta pratica imoral.

Mas nada se compara a desfaçatez que a Câmara de Vereadores protagonizou e que publicamos na edição de quarta-feira. A luta pelo poder expõe as pessoas às situações mais extremas e bizarras que se possa imaginar, como acabamos de ver esta semana, pela disputa a presidência do legislativo municipal.

A começar pela forma como foi entabulada inicialmente: o vereador Zancanaro e Ivan Martins, na ocasião presidente e vice, respectivamente, da Câmara renunciariam. O primeiro secretário, então Gerson Morelli, o Keka assumiria a presidência e convocaria nova eleição. Ivan seria o candidato e favorito a ser o novo presidente.

Como todos sabem, o vereador Keka encerrou aquela sessão sem convocar novas eleições, rompendo o combinado. O ato desencadeou uma serie de especulações. Keka teria sido influenciado por conhecido cacique político da cidade a agir pelas costas de Ivan e Zancanaro? Keka estaria agindo nos bastidores com a oposição e articulando uma mudança de cenário na Câmara?

Pelo que se viu não foi nada disso que aconteceu. Pareceu uma ação isolada de Keka, motivada somente pelo impulso de assumir o poder e ser presidente, nem que de forma efêmera. Tal atitude deixou um vácuo na disputa, enfraquecendo a oposição. 

Foi preciso colocar um candidato no sacrifício e como provavelmente ninguém quis a missão suicida, foi lançado o nome da vereadora Ana Helena sem o consentimento dela. No apagar das luzes o nome do vereador Sebastião Lima foi para disputa e perdeu para o vereador Ivan Martins.

São episódios lamentáveis que mostram que as safadezas estão presentes em nosso cotidiano e acontecem, nas mais variadas situações, como a falta de sinalização na Antônio Heil, em privilégios a funcionários da Câmara, na disputa pelo poder. O que não podemos é achar normal tais atitudes e perdermos o senso do que é certo ou errado, nem silenciar diante de tais absurdos, afinal nem aqui nem em qualquer outro lugar se gosta destes tipos de safadezas.