Página 3

Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

Editorial: São muitas emoções

Página 3

Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

Editorial: São muitas emoções

Página 3

 

Começa nesta sexta, pra valer, mais uma emocionante novela da política catarinense. A partir das 10h será instalado, no plenário da Assembleia Legislativa, o “Tribunal Especial de Julgamento do Impeachment”. 

Trata-se de uma comissão, formada por cinco desembargadores e cinco deputados estaduais (escolhidos na última quarta-feira), que irá definir como se dará a continuação do processo de impedimento do governador.

Nos capítulos preliminares dessa novela, os deputados estaduais decidiram pela abertura do processo, deixando meio de lado a acusação formal (o reajuste salarial dos procuradores, que seria irregular) e se concentrando em acusações bem mais amplas, relativas ao “conjunto da obra”, somando descontentamentos partidários a ambições políticas.

Tecnicalidades à parte, resta ao eleitor catarinense, que assiste a esse espetáculo, refletir sobre a conjuntura política criada por essa extraordinária seqüencia de eventos. E vê que, no centro do palco, estão os dois personagens principais. Um é o governador, eleito por folgada maioria, que em pouco tempo conseguiu desfazer amigos e influenciar inimigos em praticamente todos os quadrantes do espectro político. 

O outro é uma das lendas da política estadual, Júlio Garcia, atual presidente da Assembleia Legislativa, cuja extensa vivência parlamentar lhe permitiu criar importantes redes de influência nos três poderes.

Ao governador, acusam de falta de habilidade política. Ao presidente da Alesc acusam de excesso de habilidade política

Ao governador, acusam de falta de habilidade política. Ao presidente da Alesc acusam de excesso de habilidade política. Caso o governador seja apeado do cargo, Júlio Garcia ocupará o cargo interinamente. 

Mas, todo roteiro de filme, teatro ou novela, para cativar a audiência, precisa ter drama, conflito, dificuldades na trajetória dos personagens. E o indiciamento do presidente da Alesc, por corrupção, no âmbito da Operação Alcatraz da PF parece se enquadrar nessa categoria: adiciona emoção à novela. O quase-governador é também um quase-réu. A pressa em tocar o processo de impeachment teria essa razão adicional: ao ocupar o governo, Júlio Garcia ganha foro privilegiado e a investigação muda de tribunal.

O governo federal, indiretamente, ajudou a colocar ainda mais pimenta nesse pirão: esta semana, numa única canetada, 607 procuradores da Advocacia Geral da União foram promovidos para o nível mais alto da carreira. Agora são 3.489 procuradores (92% do total) que recebem R$ 27.303,00. 

O impeachment do governador de Santa Catarina, não custa lembrar, tem como razão um reajuste salarial concedido a procuradores estaduais. A rigor, uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas a política é também a arte de juntar alhos com bugalhos.

A partir de agora a construção da trama fica a cargo da nova equipe de “roteiristas”: cinco desembargadores sorteados pelo Tribunal de Justiça e cinco deputados escolhidos pela Alesc. Eles vão decidir o ritmo e a intensidade dessa emocionante novela que mobiliza (e, de certa forma, paralisa) o mundo político estadual.

 

 

Colabore com o município
Envie sua sugestão de pauta, informação ou denúncia para Redação colabore-municipio
Artigo anterior
Próximo artigo