Editorial: Setembro amarelo e conscientização
Neste mês, o jornal O Município noticiou a realização da campanha de conscientização sobre prevenção ao suicídio, denominada Setembro Amarelo. A proposta é chamar a atenção para a importância de discutir e promover ações sobre o suicídio e a saúde mental como um todo. O tema da campanha este ano é “Se precisar, peça ajuda!”. […]
Neste mês, o jornal O Município noticiou a realização da campanha de conscientização sobre prevenção ao suicídio, denominada Setembro Amarelo. A proposta é chamar a atenção para a importância de discutir e promover ações sobre o suicídio e a saúde mental como um todo. O tema da campanha este ano é “Se precisar, peça ajuda!”.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, todos os anos, são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo. A entidade alerta ainda para os chamados episódios subnotificados, que podem chegar a mais de 1 milhão de casos anualmente.
No Brasil, a estimativa é de que existam cerca de 14 mil casos por ano, uma média de 38 suicídios por dia. De 2010 e 2019, o país registrou cerca de 112,2 mil mortes por suicídio.
Em Brusque, a situação também é delicada. Conforme dados apurados por O Município, a cidade registrou 19 suicídios em 2022, número que é o maior já registrado desde o ano 2000.
Os dados foram fornecidos pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pela Vigilância em Saúde de Brusque. Ao total, desde os anos 2000, foram contabilizados 225 suicídios no município, uma média de mais de 10 por ano.
Alguns anos atrás, pouco se falava sobre esse assunto, o qual tem se tornado cada vez mais um tema importante de debate público. Os problemas relacionados à saude mental tem se agravado e a sociedade está mais doente mentalmente.
Por isso, essa conscientização é importante. É preciso relembrar que antes de mais nada somos seres humanos, com necessidades humanas, e que precisamos ter uma atenção, para além da saúde física, para a saúde mental da população.
Para amenizar esse cenário, os especialistas na área de saúde mental recomendam, além das melhorias evidentes na qualidade de vida, como a busca por atividades físicas e recreativas, também a necessidade de ajuda especializada. É primordial a identificação dos sinais e a oferta de apoio adequado a quem está passando por uma situação difícil.
Trata-se de um tema que, por mais que possa ser interpretado como tabu por algumas pessoas, precisa ser trazido à luz, debatido e discutido exaustivamente
Para as pessoas que querem e precisam conversar, o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional e prevenção do suicídio por meio do telefone 188, além das opções chat e e-mail.
O Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania lembra a importância das famílias prestarem atenção a sinais comportamentais, principalmente em crianças e jovens, que podem levar ao suicídio.
Aqueles que estão em depressão querem acolhimento e precisam ser ouvidos. A pandemia de Covid-19 trouxe um agravamento na saúde mental de todos os brasileiros e tem atingido inclusive crianças.
Entre os sinais que devem chamar a atenção das pessoas, segundo o ministério, estão isolamento, mudanças na alimentação e no sono, automutilação, autodepreciação, interrupção de planos e abandono de estudo e emprego.
Trata-se, portanto, de um tema que, por mais que possa ser interpretado como tabu por algumas pessoas, precisa ser trazido à luz, debatido e discutido exaustivamente, para que esse debate se converta em políticas públicas que de fato ajudem a reduzir as estatísticas.