Editorial: Três meses
Na quarta-feira,17, fez três meses da publicação do primeiro decreto estadual que suspendeu todas as atividades não essenciais em Santa Catarina. Desde então muitas delas estão voltando a funcionar com destaque para o transporte público, que na semana passada retomou a circulação conforme publicamos aqui no jornal.
Mas ainda temos atividades suspensas, principalmente as que geram aglomeração de pessoas, como as aulas presenciais e eventos esportivos. Os cinemas, teatros e outras atividades culturais também aguardam uma definição para retornarem.
Independente das atividades que já retornaram e que ainda vão retornar, não há nenhuma que não tenha sido impactada pelo coronavírus. Seja pelas medidas sanitárias, pela reestruturação do negócio, e até mesmo pela mudança de hábitos, tudo precisou ser readequado.
Esta mudança alterou de tal forma o mundo que alguns autores já utilizam o conceito de AC/DC (Antes do Coronavírus e Depois do Coronavírus) como referência a este momento.
Diante destas mudanças tão bruscas, o comportamento humano toma um relevo especial em algumas situações, expondo suas fortalezas e fraquezas diante de um novo cenário.
Estamos vivendo o auge da pandemia e mesmo assim parece que há um relaxamento das pessoas em relação ao assunto. Talvez por estarmos tanto tempo aquartelados e acompanhar a abertura gradual das atividades, diminuímos nossa percepção do risco de contaminação.
O jogo ainda não está ganho. Em algumas cidades a curva de contaminação e mortes aumentou
O intenso movimento na cidade hoje contrasta com as ruas vazias no final de março, quando iniciou a quarentena. Naquele momento não havia nenhum caso confirmado da doença em Brusque (o primeiro caso foi em 27 de março) e hoje já são 253.
Felizmente, a tão alardeada letalidade do vírus não fez nenhuma vítima de Brusque até hoje, e também não está sobrecarregando o sistema de saúde local, que não teve, simultaneamente, neste período, mais que três pessoas internadas na enfermaria e uma na UTI.
Isso pode nos passar uma falsa impressão de que o vírus não era tão perigoso assim e de que o pior já passou. É preciso lembrar que só estamos nesta situação privilegiada porque muitas medidas foram tomadas no combate à pandemia e que precisam ser continuadas enquanto não tiver a cura para a doença.
O jogo ainda não está ganho. Em algumas cidades a curva de contaminação e mortes aumentou, levando a reativação de medidas mais restritivas. Isso motivou o poder municipal de Brusque a também reativar as barreiras sanitárias como forma de prevenção a uma nova onda de contaminação nesta semana.
Nestes três meses conhecemos melhor a Covid-19. Vimos muitas teorias que não se concretizaram e outras que se confirmaram; vimos o vírus se tornar uma crise política além de saúde; vimos a corrupção aflorar em compra oportunistas; vimos a desinformação explícita tanto em discursos oficiais quanto em fake news.
Não sabemos ainda quanto tempo vamos ter que conviver com este novo e inconveniente inquilino, mas enquanto isso precisamos continuar a fazer a lição de casa, incorporando cada vez mais os cuidados com a higiene, se protegendo com máscaras e evitando aglomerações. Só assim vamos superar este momento e ter de novo nossa liberdade com saúde.