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Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

Editorial: Um leito para Brusque

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Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

Editorial: Um leito para Brusque

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Na segunda feira o secretário da Saúde de Brusque, Humberto Fornari, em entrevista ao jornal O Município, declarou que a proposta do governo do estado para Brusque é vergonhosa, conforme publicamos em nossos canais de comunicação no início da semana.

Tal afirmação se baseou na decisão do governo estadual em disponibilizar um leito a mais para Brusque quando poderia disponibilizar mais dez no Hospital Azambuja e comprar mais dez do Hospital Imigrantes. Fornari também afirmou que se precisar de mais leitos teremos que enviar o paciente a Timbó, e até lá, infelizmente ele já morreu.

Esta atitude mostra o despreparo do governo do estado em relação à pandemia e o descaso em relação a Brusque. Somos a 12ª maior cidade do estado e por aqui o governador teve uma votação expressiva, com mais de 80% dos votos da região, mas ha tempos está de costas para o município.

O encanto já terminou com a postura de isolamento que o governador tomou desde o princípio, criando barreiras na comunicação com os prefeitos de nossa região. Junta-se ao coro de descontentes deputados, presidentes de entidades e imprensa, que também têm dificuldade de acesso ao governador.

Este distanciamento tem custado caro aos catarinenses em tempo de pandemia, mostrando ainda mais o descolamento das ações do governo com a realidade e revelando a incapacidade dele em lidar com a magnitude e complexidade do problema.

O governador teve uma votação expressiva, com mais de 80% dos votos da região, mas ha tempos está de costas para o município

Como falamos no editorial passado, falta um plano estadual. O governo já sabia da pandemia e não se preparou para ela. Poderia ter ajudado com a compra de kits para testes e assim diagnosticar rapidamente quem está contaminado. Poderia ter ajudado também com a compra de EPIs para suprir, ao menos os profissionais de saúde, que hoje dependem da boa vontade de terceiros para fornecer máscaras, macacões, capacetes, luvas, etc. Poderia ter ajudado na compra de mais respiradores.

A própria questão da ampliação dos leitos foi tardia. Ela foi anunciada dia 30 de março, enquanto a decretação do estado de emergência foi no dia 17, ou seja, primeiro o governo anunciou o incêndio para depois tentar apagar o fogo.

E se na esfera de saúde há este descompasso, na questão econômica o drama é ainda maior. O governador se coloca numa situação de vítima em relação ao governo federal, e de intransigência em relação aos pleitos estaduais. Não quer abrir mão do pagamento de impostos e não cogita um projeto de corte na máquina estatal. 

Nesta grita geral por um plano, uma estratégia, o governador toma a cadeira de seu gabinete e mantém a decisão mais cômoda e oportuna neste momento: manter a quarentena e deixar confinado o povo catarinense, tratando a falta de leitos, testes, equipamentos com as mais variadas justificativas. 

Enquanto isso os poderes municipais e sociedade organizada estão dando exemplo de união, solidariedade e respeito, trabalhando com as armas que tem para combater a pandemia. 

Neste sentido nossa região tem bons exemplos como as duas empresas de Nova Trento que vão doar máscaras a toda população daquele município; empresários de Brusque que estão comprando testes rápidos para ajudar no diagnóstico; empresas que estão doando equipamentos, EPIs. Atitudes positivas como as barreiras sanitárias e centros de triagem também reforçam o esforço municipal para combater a pandemia. 

Toda esta movimentação supre em parte de nossas necessidades, mostrando a nossa grandeza, enquanto a destinação de apenas um leito para Brusque mede o tamanho da capacidade do governo em lidar com crise e o desprezo com o cidadão brusquense. É mesmo uma vergonha.

 

 

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